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Francisco Sarsfield Cabral

Uma proposta irrealista

26 dez, 2012

Jacques Delors, presidente da Comissão Europeia entre 1985 e 1995, foi o grande impulsionador da moeda única europeia.

Uma proposta irrealista
Face à actual crise do euro, Delors defende agora a revisão do Tratado europeu, para garantir a sobrevivência da União. E Delors até critica o Governo francês por não ter apoiado Merkel quanto à urgência de rever o Tratado.

Na sua opinião, se o Tratado não for revisto e não se conseguir um bom acordo com a Grã-Bretanha (que ameaça sair da UE), o projecto europeu caminha para a extinção, ou seja, para uma mera zona de comércio livre.

A posição de Delors é compreensível – mas irrealista. Passaram longos anos até surgir o Tratado de Lisboa, depois de várias tentativas falhadas. Foi aprovado em Dezembro de 2007, já depois do alargamento da UE. E só passou porque, para evitar referendos, se fingiu que o Tratado era muito diferente da “constituição europeia”, chumbada em referendos em França e na Holanda em 2005.

Agora com 27 países membros, rever o Tratado seria tarefa quase impossível, pois exige unanimidade. No mínimo, demoraria dez anos ou mais.