Berlusconi foi afastado da chefia do governo italiano há pouco mais de um ano. Não inspirava confiança nem se mostrava interessado em fazer as reformas de que a economia italiana necessita para recuperar competitividade.
Veio então Mario Monti, que não era um político. Monti governou com base numa coligação parlamentar alargada e fez um trabalho notável. Os juros da dívida italiana desceram.
Mas Berlusconi resolveu estragar tudo, retirando o seu partido dessa coligação e anunciando a sua candidatura a primeiro-ministro. Os juros da dívida pública italiana dispararam imediatamente e receia-se que a Itália volte a ameaçar o futuro do euro.
Neste lamentável caso há um ponto que não consigo entender. Berlusconi já por três vezes foi primeiro-ministro, durante cerca de dez anos no total. Não fez qualquer reforma. A sua preocupação dominante era aproveitar o cargo para se livrar de alguns processos judiciais incómodos – por exemplo, alterando leis processuais.
Berlusconi não tem a menor credibilidade na Europa. Como é possível ainda haver italianos que apostam nele?