Francisco Sarsfield Cabral

Um falso paradoxo

16 nov, 2012 • Francisco Sarsfield Cabral

Ratzinger aposta num diálogo com os que não têm fé que não se fique pela ilusão dos falsos acordos. Aos crentes cabe também aprender com os não crentes.  

Um falso paradoxo
Hoje e amanhã decorre em Guimarães e Braga a edição portuguesa do Átrio dos Gentios, uma iniciativa de Bento XVI. Alguns julgam paradoxal, no Ano da Fé, promover o diálogo com os não crentes, agnósticos e ateus, que não têm fé.

Mas não há aqui contradição – ao invés, há uma forte ligação entre o aprofundamento da fé e o diálogo com os não crentes.

Antes e depois de ser Papa, Ratzinger participou em numerosos encontros com agnósticos e ateus. Não foram apenas encontros entre homens de boa vontade, para encontrar posições comuns em favor da humanidade.

Ratzinger valoriza a razão, sem deixar de lhe apontar os seus limites. Por isso, rejeita a tendência moderna, teórica e prática, para o relativismo. Este nega fundamento a tudo, incluindo à ética, conduzindo a uma “concepção débil da pessoa” (nas palavras do Papa), que fragiliza os direitos humanos.

Por isso, Ratzinger aposta num diálogo sério (isto é, que não se fique pela ilusão dos falsos acordos) com os que não têm fé. Aos crentes cabe dar as razões da sua esperança, como escreveu S. Pedro, e aprender também com os não crentes.