A verdade compensa

Na maior parte dos debates parlamentares dos últimos anos não se examinou a substância dos assuntos, preferindo-se dizer: “nós fizemos assim, mas vocês fizeram pior”.

Tornaram-se insuportáveis conversas de surdos. Agora, com eleições à vista, cada partido repete até à exaustão que a culpa do desastre nacional não é sua, mas do outro. A enjoativa lenga-lenga afasta as pessoas da política, quando é mais necessária a participação de todos na res publica.

Os portugueses precisam de saber duas coisas. Primeiro, a verdade sobre a situação em que nos encontramos, que é gravíssima. Depois, que sacrifícios ainda será preciso fazer e sobretudo se serão úteis, isto é, se a prazo levarão a economia e as finanças nacionais a ultrapassarem este aperto.

Será difícil ao PS falar verdade, pois o seu Governo andou muito tempo a apregoar que tudo ou quase tudo corria bem – e agora viu-se. A maior responsabilidade cabe, assim, ao PSD. Não vender ilusões aos portugueses implica apresentar um programa sério, sem facilidades e optimismos ocos. O que até é capaz de compensar eleitoralmente.