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Francisco Sarsfield Cabral

Cortes racionais

31 out, 2012 • Francisco Sarsfield Cabral

Só são possíveis com uma reforma do Estado, algo que Passos Coelho pretendia fazer apenas num segundo mandato, mas que as constantes derrapagens orçamentais impuseram que antecipasse.

Cortes racionais
Não surpreendeu ninguém a recusa do PS ao apelo de Passos Coelho para colaborar na revisão das funções do Estado. O primeiro-ministro tem aqui responsabilidades, pois – como afirmei várias vezes – foi um erro não ter associado mais o PS à aplicação do memorando da “troika”, desde o princípio do mandato do Governo.

Mas, ainda que o tivesse feito, é duvidoso que Seguro alinhasse, pois – sendo um líder fraco e sob a permanente ameaça de António Costa – não conseguiria enfrentar a sua própria bancada parlamentar, onde abundam deputados escolhidos por Sócrates e a ele ainda fiéis.

Para mim, surpreendente é que Passos Coelho só agora e sob a pressão das derrapagens orçamentais se disponha a reformar o Estado (parece que a sua ideia era só avançar por aí no segundo mandato, depois de 2014).

É que essa é uma condição para cortar racionalmente a despesa pública, como se tem visto nas últimas semanas com as dificuldades em reduzir os gastos do Estado.

A reforma terá de ser feita sem o PS, ou seja, sem rever a Constituição. O CDS defende ser possível fazê-lo. Oxalá.