Só são possíveis com uma reforma do Estado, algo que Passos Coelho pretendia fazer apenas num segundo mandato, mas que as constantes derrapagens orçamentais impuseram que antecipasse.
Não surpreendeu ninguém a recusa do PS ao apelo de Passos Coelho para colaborar na revisão das funções do Estado. O primeiro-ministro tem aqui responsabilidades, pois – como afirmei várias vezes – foi um erro não ter associado mais o PS à aplicação do memorando da “troika”, desde o princípio do mandato do Governo.
Mas, ainda que o tivesse feito, é duvidoso que Seguro alinhasse, pois – sendo um líder fraco e sob a permanente ameaça de António Costa – não conseguiria enfrentar a sua própria bancada parlamentar, onde abundam deputados escolhidos por Sócrates e a ele ainda fiéis.
Para mim, surpreendente é que Passos Coelho só agora e sob a pressão das derrapagens orçamentais se disponha a reformar o Estado (parece que a sua ideia era só avançar por aí no segundo mandato, depois de 2014).
É que essa é uma condição para cortar racionalmente a despesa pública, como se tem visto nas últimas semanas com as dificuldades em reduzir os gastos do Estado.
A reforma terá de ser feita sem o PS, ou seja, sem rever a Constituição. O CDS defende ser possível fazê-lo. Oxalá.