É indispensável, na crise da dívida soberana do euro, separar a dívida dos Estados da dívida bancária.
As duas têm-se agravado uma à outra. Nos países com graves problemas na banca, como a Irlanda e a Espanha, a dívida bancária afecta o rating da dívida pública. Noutros países, como Portugal, os problemas da dívida pública fazem baixar o rating dos bancos (que compram muita dívida do seu Estado).
Num Conselho Europeu em Junho deu-se um passo para quebrar esses ciclo vicioso, ao abrir a possibilidade de os fundos europeus de resgate recapitalizarem directamente os bancos em dificuldade, sem que tal envolva aumento do dívida do respectivo Estado. Seria excelente para a Espanha e a Irlanda e traria alguns benefícios a Portugal.
Na sexta-feira passada, em Bruxelas, Merkel deitou um balde de água fria nessas expectativas. A chanceler apenas aceita que a recapitalização directa dos bancos se faça quanto a dívidas futuras, quando a supervisão do BCE começar a funcionar, lá para o fim de 2013.
A desejada união bancária europeia avança, se avança, a passo de caracol.