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Francisco Sarsfield Cabral

Não há cura sem dor

13 mar, 2012

O brutal aperto de cinto a que estamos sujeitos não poderia deixar de trazer sofrimento a muitos portugueses. Sofrimento às vezes agravado pela ideia de que os sacrifícios nem sempre são repartidos com justiça.

Não há cura sem dor

Mas é surpreendente que tantas vozes se levantem contra o que consideram ser um ataque à classe média. Afinal, quem nas últimas décadas mudou de estilo de vida, passando a consumir mais, foram aqueles que passaram o limiar da pobreza para ascenderem à classe média. Seria excelente, se não fosse uma ilusão, fomentada até pela irresponsabilidade dos políticos.

Numa economia como a nossa, que praticamente não cresce há doze anos, essa melhoria de nível de vida era insustentável. Baseava-se no crédito, que deixou milhares de famílias encravadas. O próprio défice das contas do Estado decorre, em parte, de benefícios que as pessoas recebiam e aos quais agora têm de renunciar.

Parece que alguns pensaram ser possível corrigir os nossos desequilíbrios financeiros sem dor. É um engano. Mas essencial é que a dor sirva para curar a doença.