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Francisco Sarsfield Cabral

Diferenças de vencimentos

11 ago, 2015 • Francisco Sarsfield Cabral

Há 50 anos, um CEO nos EUA ganhava, em média, 20 vezes mais do que um trabalhador da sua empresa. Hoje, ganha quase 300 vezes mais. Divulgar os rendimentos tornou-se um problema, não de inveja, mas de sanidade social.

O regulador norte-americano da bolsa determinou que as empresas cotadas terão que revelar a diferença entre os vencimentos dos gestores executivos de topo (CEO) e a média dos salários dos respectivos empregados.

Vários empresários protestaram contra esta exigência. Mas, como salienta o “Financial Times”, este assunto já não é meramente privado. A crescente subida dos ganhos dos CEO, a par de uma quase estagnação dos salários dos trabalhadores, é um dos factores da preocupante captação dos benefícios do crescimento económico por uma pequena minoria.

É um problema, não de inveja, mas de sanidade social.

Em 1965, um CEO nos EUA ganhava, em média, 20 vezes mais do que um trabalhador da sua empresa. Cinquenta anos depois, ganha quase 300 vezes mais. Muitas vezes sem que tal subida estratosférica corresponda a maiores lucros da empresa.

Em Portugal, segundo cálculos do “Diário Económico”, a diferença é menor: os CEO do PSI 20 ganham, em média, “apenas” 30 vezes mais do que o trabalhador médio da empresa. Mas a tendência internacional não é essa – e chegará até nós mais tarde ou mais cedo.