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Raquel Abecasis

Vivam as primárias

24 set, 2014

Este é um processo que dá aos portugueses aquilo que eles querem: independentemente da militância partidária, a possibilidade de poderem escolher quem deve ter acesso aos altos cargos políticos.

Quase a chegar ao fim da longa campanha para as primárias no PS, e já depois do último debate televisivo, o que há a dizer é que, a avaliar pelo número de inscritos – 150.000 – e pelas audiências dos debates televisivos – todos à volta do milhão de espectadores – este é um processo que dá aos portugueses aquilo que eles querem: independentemente da militância partidária, a possibilidade de poderem escolher quem deve ter acesso aos altos cargos políticos.

Outra prova da virtualidade das primárias é a constatação de que esta foi uma campanha que puxou pelos candidatos. Os dois tiveram que dar o melhor de si, não para convencerem os seus aliados partidários, mas para convencer o país e o resultado é que conhecemos um António José Seguro muito diferente do dos últimos três anos - mais seguro, mais convicto, mais empenhado – e António Costa teve que descer à terra e sair do pedestal de D. Sebastião onde tinha estado colocado, com tudo o que isso tem de desilusão e surpresa.

Ao contrário da maioria, julgo que na segunda-feira o PS estará mais forte e isso, independentemente do lugar político em que nos encontremos, é um bem para a democracia.

Posto isto, António José Seguro cometeu ontem dois erros que lhe podem ser fatais:

- Trazer o caso de Nuno Godinho de Matos à disputa, sugerindo a generalização de práticas pouco claras do lado de António Costa, terá representado para o secretário-geral do PS o mesmo que o célebre caso das bananas representou para Basílio Horta no debate com Mário Soares. Na altura, Basílio quis associar Soares a um negócio ilícito. A resposta de Soares associada à sua expressão facial acabaram com as esperanças eleitorais de Basílio Horta. Ontem terá, provavelmente, acontecido o mesmo a Seguro.

- A falta de argumentos para rebater as críticas fundamentadas de António Costa à proposta de redução de deputados deixou claro que esta ideia de Seguro tem como único objectivo conquistar votos com argumentos politicamente correctos.

Os dados estão agora praticamente lançados, resta ver quem passa no teste do algodão das primárias de domingo.