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Francisco Sarsfield Cabral

Promiscuidade a alto nível

07 jul, 2014

Portugal resistiu à entrada na CPLP de um país onde não se fala português e é dominado há 35 anos por um ditador.

A entrada da Guiné Equatorial na Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), que será formalizada no próximo dia 13, consagra a promiscuidade entre política e negócios a nível de relações entre Estados.

Portugal resistiu à entrada na CPLP de um país onde não se fala português e é dominado há 35 anos por um ditador. Mas a Guiné Equatorial tem petróleo e todos os nossos parceiros na CPLP defenderam a sua entrada. Incluindo Lula e Dilma Roussef, supostamente de esquerda.

Em 2010 o então ministro brasileiro dos Negócios Estrangeiros justificava essa entrada dizendo que “negócios são negócios”. E o secretário executivo da CPLP desvalorizou o desrespeito pelos direitos humanos na Guiné Equatorial dizendo, em entrevista ao Público, que violações desses direitos existem em todos os países.

Por cá, segundo o secretário da CPLP, os socialistas, quando no poder, não se opuseram – quem se opôs foi Cavaco Silva, Presidente da República. No fim, Portugal teve que aceitar a entrada da Guiné Equatorial, para não continuar isolado na CPLP. Uma história triste.