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Francisco Sarsfield Cabral

Formar para o desemprego

30 mai, 2014 • Francisco Sarsfield Cabral

Este ciclo vicioso só se quebrará com mais investimento empresarial, sobretudo estrangeiro. Mas falta crédito...

O número de portugueses com um razoável nível de qualificação mais do que duplicou nos últimos quinze anos. Mas nos outros países europeus também aumentou. Por isso, a OCDE situa a percentagem, no conjunto da população portuguesa, de pessoas em idade activa com ensino secundário ou superior bem abaixo da média da zona euro: 40% em Portugal, contra quase 70% nessa zona, onde continuamos no último lugar. 

Mesmo assim, não são raros os jovens portugueses com altas qualificações académicas que não encontram emprego no país; muitos deles emigram, como é sabido. As universidades formam, então, para o desemprego? Por vezes, sim – quando os cursos não têm hipótese de interessar às empresas portuguesas.

Mas o problema também se coloca do lado das empresas. A maioria destas é de dimensão muito pequena, está carregada de dívidas e os respectivos gestores não querem, nem podem, gastar dinheiro empregando gente qualificada, até porque eles próprios possuem fracas qualificações.

Este ciclo vicioso só se quebrará com mais investimento empresarial, sobretudo estrangeiro. Mas falta crédito...