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Francisco Sarsfield Cabral

Bom e mau investimento

15 mai, 2014 • Francisco Sarsfield Cabral

Nos primeiros anos, quando quase não havia auto-estradas em Portugal e o saneamento básico não existia em muitas zonas do país, os fundos comunitários vieram preencher lacunas evidentes.

A seguir à Polónia, Portugal é o segundo país da União Europeia (UE) que mais dinheiro líquido recebe de Bruxelas. Em 2012, a contribuição portuguesa para o orçamento comunitário foi de 1,8 mil milhões de euros, mas recebeu desse orçamento 6,8 mil milhões, cerca de 4% do PIB nacional. E nos próximos sete anos continuaremos a receber fundos em volume apreciável.

Gastámos bem o dinheiro? Nos primeiros anos, quando quase não havia auto-estradas em Portugal e o saneamento básico não existia em muitas zonas do país, os fundos comunitários vieram preencher lacunas evidentes. A partir de certa altura, porém, boa parte do dinheiro de Bruxelas foi investida em projectos de duvidosa justificação económica ou social. O dinheiro estava aí, disponível, havia que o aproveitar. E dava jeito a muitos empreiteiros. Passámos, assim, a ter a mais densa rede de auto-estradas da Europa – o que é insólito num país com o nosso nível de riqueza.

Esperemos que, daqui em diante, haja a preocupação de investir bem os fundos que nos chegam da UE. Porque maus investimentos acabam por trazer pobreza.