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Luís Cabral

O inimigo externo

22 abr, 2014

Tem assim particular relevância o ensaio que Antero de Quental escreveu há 124 anos. Diz ele que "o nosso maior inimigo não é o inglês, somos nós mesmos.

Nos últimos meses, vários artigos em jornais e blogues chamaram a atenção para o paralelismo notável entre o Portugal de 2014 e o Portugal de 1890. Trata-se de períodos de crise económica, em parte provocada pelo processo de internacionalização.

Trata-se de períodos em que a dívida pública chega a níveis muito elevados. Enfim, trata-se de períodos em que os jornais identificam um "inimigo externo" concreto (então, a Inglaterra; agora, a troika).
 
Tem assim particular relevância o ensaio que Antero de Quental escreveu há 124 anos. Diz ele que "o nosso maior inimigo não é o inglês, somos nós mesmos.

Só um falso patriotismo, falso e criminosamente vaidoso, pode afirmar o contrário.

Declamar contra a Inglaterra [hoje dir-se-ia a troika] é fácil; emendarmos os defeitos gravíssimos da nossa vida nacional será mais difícil; mas só essa reforma será honrosa, só ela salvadora".