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Um falso debate para uma falsa questão

14 mar, 2014

O que faria sentido era propor o diploma que admite a possibilidade de adopção plena, dado que foi concedido aos homossexuais o direito de casar -concordemos ou não com isso. Mas como esta batalha não exalta emoções fáceis, os defensores da co-adopção decidiram defender demagogicamente uma não causa.

A proposta de lei que permite a co-adopção por pessoas do mesmo sexo procura regulamentar uma falsa questão. Actualmente, nos casos em que a nova lei se aplicará, como de resto nos casos de padrastos e madrastas, a questão da tutela dos menores é normalmente regulada pelas instâncias judiciais sendo a jurisprudência clara quanto à entrega da guarda dos menores aos adultos que já a asseguravam.

Salvo casos em que haja comprovadas razões para impedir que assim seja, tem sido sempre esta a justa decisão dos juízes.

Assim sendo, assegurados os naturais direitos da criança, qual é a questão que agora se coloca? Não confiam os proponentes na justiça? Ou procuram dar um passo para conquistas futuras?

São verdadeiras as duas razões. Afinal, a confiança na justiça é uma frase feita na boca dos que tão calorosamente a proclamam. Quanto aos que estão verdadeiramente preocupados com os direitos de homossexuais casados, o que faria sentido era propor o diploma que admite expressamente a possibilidade de adopção plena, já que ao conceder aos homossexuais o direito ao instituto do casamento, este não deveria ser restringido recusando a adopção, concordemos ou não com isso.

Mas, como esta batalha não comove corações, nem exalta emoções fáceis e suscita reservas, os defensores da co-adopção não se importam de “violentar” a sua consciência ao defenderem demagogicamente uma não causa.

Demonstrada a desumanidade dos que agora se manifestem contra a co-adopção, (como se fosse possível ser contra ou a favor de uma questão que não existe...) fica ganha a batalha.

Tornar-se-á então mais fácil conquistar a adopção plena, um direito do qual apenas abdicaram estrategicamente em devida altura, sabendo que com jeitinho lá chegariam, contando com uma sociedade que a cada nova “conquista” apresentada com foros de modernidade vai perdendo a sua identidade natural.