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Francisco Sarsfield Cabral

A unidade da esquerda

05 fev, 2014 • Francisco Sarsfield Cabral

Esquerda e extrema-esquerda não apresentam alternativas globais ao capitalismo. Como poderão juntar-se ao socialismo democrático?

Há trinta anos, a esquerda dividia-se em dois campos: os reformistas, que queriam humanizar o capitalismo através de uma maior intervenção do Estado, sobretudo na redistribuição de rendimentos e nos apoios sociais; e os revolucionários, que apostavam na eliminação do capitalismo e na sua substituição por um outro sistema. Que existia, na União Soviética, na China, em Cuba, etc.

Com o colapso do comunismo tornou-se claro que ele era uma tirania totalitária que nem sequer se mostrava eficaz no crescimento económico. O que levou os actuais partidos nostálgicos do “socialismo real”, como o PCP, a não falarem em alternativas globais ao capitalismo nem em coisas como a ditadura do proletariado.

As forças de extrema-esquerda, execrando também o capitalismo, ainda menos alternativas apresentam, pois em geral demarcam-se do comunismo soviético e do chinês. E não dizem como substituiriam o capitalismo sem ditadura.

Não se percebe que unidade da esquerda pode sair deste conjunto de ocultações. Nem como a esquerda anti-capitalista poderá juntar-se ao socialismo democrático.