Defensores falam em actos de bondade, opositores defendem que a vida não nos pertence. Mas vale a pena pensar no caminho que este acto clínico está a seguir. E há uma questão que não podemos deixar de colocar.
Os defensores da eutanásia e do suicídio assistido alegam que se trata de actos de bondade em casos de doenças incuráveis que provocam grande sofrimento. Não duvido da sinceridade desses sentimentos.
Claro que tal argumentação não é aceitável para quem, como os cristãos, entenda que a vida não nos pertence, não podendo nós decidir o seu fim, como não escolhemos o seu início.
Mas os que não partilham esta concepção da vida deveriam encarar com mais cuidado a tendência actual para legitimar a eutanásia em cada vez maior número de situações.
Na Bélgica prepara-se uma lei que permitirá provocar a morte de menores com doenças em fase terminal, mediante autorização dos pais. Na Holanda, como na Bélgica, é legal a eutanásia de adultos que sofram de doença mortal e de dor insuportável; e que, quando lúcidos, manifestem tal vontade de forma inequívoca. Mas foi agora permitida a eutanásia de uma holandesa cega, que várias vezes tentara suicidar-se, mas não sofria de doença incurável.
Passo a passo, a eutanásia alarga o seu raio de acção. Poderá chegar à eliminação dos “inúteis”.