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Francisco Sarsfield Cabral

Um país corporativo

08 out, 2013 • Francisco Sarsfield Cabral

Famílias e empresas exportadoras fizeram um ajustamento espectacular ao longo dos últimos anos. Mas o Estado e as grandes empresas próximas dele nem por isso. “Alguns grupos acham-se com direito a manter benesses que a sociedade evidentemente não consegue pagar”, escreveu João César das Neves.

O rendimento disponível da maioria das famílias portuguesas tem vindo a cair. É o desemprego, a baixa de salários, a subida de impostos, os cortes nas prestações sociais, etc.

No entanto, as pessoas poupam mais, consumindo menos. A taxa de poupança das famílias mais do que duplicou desde há cinco anos.

As famílias portuguesas perceberam que tinham de ajustar o seu nível de vida às realidades do país. E que seria prudente pouparem mais, pois são incertos os apoios que irão receber do Estado, em matéria de pensões, sobretudo.

As famílias e as empresas exportadoras fizeram um ajustamento espectacular. Mas o Estado e as grandes empresas próximas dele nem por isso.

O Prof. João César das Neves tem chamado a atenção para esta situação. O Estado não reduz significativamente o seu peso porque há muito quem viva “à mesa do Orçamento”. Escreveu ele no “Diário de Notícias” de ontem: “alguns grupos acham-se com direito a manter benesses que a sociedade evidentemente não consegue pagar”.

É escandaloso, mas significativo, que poucos tenham a coragem de abordar esta questão essencial.