Vamos ter uma recessão económica prolongada e uma contracção sem precedentes do rendimento disponível das famílias. Estas afirmações não são agradáveis, mas são verdadeiras. Foram feitas por uma instituição credível, o Banco de Portugal.
Em campanha eleitoral, onde se discute tudo menos o que é importante, ainda bem que alguém, com autoridade e clareza, fala verdade. Porque só a partir de uma visão realista da nossa situação económica e financeira podemos basear a esperança de que, a médio prazo, iremos ultrapassar os problemas que agora nos afligem.
Já basta de irrealismo e de visões cor-de-rosa, que só nos trouxeram desastres.
O Banco de Portugal não esconde a severidade do memorando da “troika”. E diz que ele “representa uma oportunidade exigente, mas fundamentada, para alicerçar e lançar um processo de crescimento económico sustentado no médio prazo”.
É, de facto, assim. Mas quando vemos Sócrates a fingir que o memorando não exige uma baixa significativa da Taxa Social Única, surge a dúvida sobre a vontade de alguns políticos cumprirem o que assinaram.