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Ponto de Vista

A dependência do Estado

17 mai, 2011

Como toda a gente sabe, a sociedade portuguesa é muito dependente do Estado.

Antes da monarquia constitucional, a aristocracia tinha fraco poder económico, vivendo dos favores da Coroa. Depois, a ausência de industrialização impediu a emergência de uma autêntica burguesia – o que havia era sobretudo gente empregada pelo Estado.

A ditadura de Salazar acentuou o controlo da débil sociedade civil pelo poder político. E as nacionalizações de 1975 reforçaram ainda mais a estatização do país.

Hoje queixamo-nos da fraca autonomia da sociedade civil portuguesa e em particular da tendência de muitos empresários para actuarem sob a asa protectora do Estado. E Medina Carreira já mostrou que a maioria dos portugueses, de uma maneira ou de outra, vive dependente dos dinheiros públicos. Nunca entre nós houve partidos de facto liberais.

No entanto, mal alguém esboça alguma limitação dessa dependência do Estado, logo surgem clamores contra o que chamam uma visão ultra-liberal. Parece uma anedota, mas contribui para tornar a sociedade portuguesa ainda mais débil face ao Estado.