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Ponto de Vista

O essencial e o supérfluo

10 mai, 2011

A campanha eleitoral não é propícia ao realismo.

O acordo com a “troika” passou, num instante, de pesadelo a alívio geral. Temendo perder votos, os políticos evitam dizer toda a verdade. E o essencial dessa verdade é isto: uma boa parte dos portugueses terá de baixar de nível de vida nos próximos anos, pela simples razão de Portugal não conseguir já crédito externo para viver acima daquilo que produz.

Parece que só o Presidente da República faz a pedagogia da crise. Lembrou Cavaco Silva que o acordo com o FMI/UE/BCE não é uma dádiva, é um empréstimo que teremos de pagar. E se não aproveitarmos esta oportunidade para mudar de vida, daqui a três anos estaremos ainda muito pior do que estamos hoje. Por isso, disse o Presidente, “muitos portugueses terão de alterar os seus padrões de consumo, evitando gastos supérfluos”.

O problema está em que muita gente considera hoje indispensável aquilo que há 20 ou 30 anos julgava supérfluo. Daí a necessidade de os políticos mobilizarem o país para a tal mudança de vida. Em tempo eleitoral, não é tarefa que lhes agrade. Mas é o seu dever.