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Opinião

O Papa, Zaqueu e David

23 jul, 2013 • Filipe d’Avillez

O que vai ser de nós, se não tomarmos conta dos nossos olhos? Ao Rio de Janeiro acaba de chegar um argentino que diz a todos que cuidem dos olhos, que olhem para cima, numa cidade onde de praticamente todos os pontos é possível ver os braços abertos e acolhedores de Cristo.

No início da sua viagem ao Brasil um Papa deixou uma questão enigmática para reflexão ao longo desta semana. O que vai ser de nós, se não tomarmos conta dos nossos olhos?

Na sua primeira encíclica, publicada muito recentemente, o Papa escreve que a fé, o convite de Deus para entrarmos em relação com Ele, chega-nos por duas vias principais: a audição e a visão.

É usual descrever os olhos como uma janela aberta para a alma e essa imagem, tantas vezes usada de forma romântica e leviana, tem um grande fundo de verdade.

Há duas passagens bíblicas que o ilustram. Recordemos Zaqueu, um pecador público que, sabendo que Jesus se aproximava, subiu a um sicómoro para o poder ver. Esforçou-se, saiu de si, fez tudo o que estava ao seu alcance e em troca desse esforço a sua vida mudou radicalmente, para melhor. Descobriu a Cristo e descobriu a fé.

Mas não é só a virtude que entra pelos olhos. No Antigo Testamento vê-se como David, que tinha uma relação tão próxima com Deus, deixou que um olhar acidental, quando viu Betsabá a banhar-se, se transformasse num desejo desordenado, numa sede insaciável e finalmente no vergonhoso homicídio do seu mais fiel soldado, Urias, marido de Betsabá.

O que vai ser de nós, se não tomarmos conta dos nossos olhos? Para que olhamos? O que procuramos para encher a nossa alma através dos nossos olhos? Onde está o nosso coração, verdadeiramente?

Ao Rio de Janeiro acaba de chegar um argentino que diz a todos que cuidem dos olhos, que olhem para cima, numa cidade onde de praticamente todos os pontos é possível ver os braços abertos e acolhedores de Cristo.