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Francisco Sarsfield Cabral

Não pagamos!

18 jul, 2013 • Francisco Sarsfield Cabral

Quando se empresta a devedores que não cumprem, o risco é maior. Há quem fale no exemplo da Argentina, sem perceber o que ali se passou. Ainda hoje os argentinos têm acesso difícil aos mercados da dívida.

Os partidos à esquerda do PS querem rasgar o “pacto de agressão”, isto é, o memorando da “troika”. Depois, dizem eles, renegociaríamos a dívida pública portuguesa.

Os nossos credores perderiam dinheiro, como perderam já com a Grécia (cerca de 70% no caso dos privados), mas não parece que a situação tenha melhorado naquele país com o perdão parcial da sua dívida.

Os juros considerados usurários cobrados pela “troika” a Portugal (cerca de 3,5% em média) seriam então substituídos por juros muito mais altos. Quando se empresta a devedores que não cumprem, o risco é maior, logo… Sem acesso ao crédito externo em condições aceitáveis, o nível de austeridade de que hoje sofremos aumentaria brutalmente.

Há quem fale no exemplo da Argentina, sem perceber o que ali se passou. A Argentina tinha a sua moeda ligada à cotação do dólar, ligação que cortou quando foi à bancarrota em 2001.

Mesmo assim, os argentinos passaram por uma funda recessão e ainda hoje têm um acesso difícil aos mercados da dívida. Portugal, sem moeda própria, sofreria muito mais.

Uma perspectiva atraente, portanto.