Parece uma vingança. Cavaco tem todo o direito de se sentir ofendido com o que se passou, mas acabou por prolongar a confusão e não defender o interesse do país.
Dizia-se que o Presidente da República era passivo. Pois ontem mostrou-se muito interventivo.
Fez bem em apelar a um acordo de médio prazo entre os três partidos que assinaram o memorando da “troika”, de modo a que este seja cumprido, estando esses partidos no governo ou na oposição. Uma vez terminado o programa de ajustamento, haveria eleições antecipadas.
Mas o Presidente não disse uma palavra sobre o acordo PSD/CDS para relançar a coligação após a crise da semana passada. O Governo está em funções, afirmou Cavaco – mas ele diminuiu-o politicamente, a poucos dias da 8ª avaliação da “troika”.
Parece uma vingança de Cavaco, depois da humilhante pseudo-demissão de Portas e da tomada de posse da ministra das Finanças. O Presidente tem todo o direito de se sentir ofendido com o que se passou, mas reagir assim não favorece o interesse nacional.
Em vez de clarificar a situação política e reforçar a confiança dos credores, o Presidente da República aumentou e prolongou a confusão, descredibilizando ainda mais o país.