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Francisco Sarsfield Cabral

Desta vez é diferente

16 mai, 2013 • Francisco Sarsfield Cabral

Não foi nem será, mas o livro apresentado ontem por Vítor Gaspar vale pelo retrato que faz de inúmeras e loucas euforias financeiras especulativas ao longo da história, que acabaram sempre em “crashes”.

O livro, com este título, de Carmen Reinhart e Kenneth Rogoff, economistas de Harvard, foi ontem apresentado na sua versão portuguesa. O livro foi recentemente muito falado por causa de uma tese dos seus autores, segundo a qual o crescimento económico de um país é afectado quando a sua dívida pública ultrapassa 90% do PIB (a nossa já passa os 120%).

As bases estatísticas desta tese foram contestadas e, de facto, continham um erro, mas sem grande relevância para a conclusão, que os autores mantêm.

Mas este livro vale, sobretudo, pelo retrato que faz de inúmeras e loucas euforias financeiras especulativas ao longo da história, que acabaram sempre em “crashes”. Euforias bolsistas, euforias imobiliárias (como há pouco em Espanha e na Irlanda), euforias com o valor das tulipas (aconteceu no séc. XVII na Holanda), etc.

No princípio deste século tivemos a brutal subida das acções de empresas tecnológicas. Li, então, na imprensa portuguesa artigos a justificar essa subida, porque as novas tecnologias teriam mudado tudo. Ou seja, uma vez mais, “desta vez é diferente”. Não foi, nem será.