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Francisco Sarsfield Cabral

As pessoas e a política

23 abr, 2013 • Francisco Sarsfield Cabral

São positivas todas as propostas que visem aproximar os cidadãos da política, tal como a lançada no seio do PS, para que o secretário-geral seja eleito também por simpatizantes não filiados no partido.

Não é só em Portugal, e noutros países do euro sob resgate, que a maioria das pessoas perdeu a confiança nos políticos. É um problema geral da democracia, que parece incapaz de se impor a outras forças, em particular as económicas e financeiras que actuam no mundo globalizado.

Por isso, são positivas todas as propostas para aproximar os cidadãos da política, como é o caso do documento (cujo primeiro subscritor é João Tiago Silveira), sugerindo, entre outras medidas, que na eleição do secretário-geral do PS possam participar simpatizantes não filiados no partido.

Em alguns estados norte-americanos, essa possibilidade existe nas “primárias” para escolher candidatos. A democracia representativa precisa de ser renovada, sobretudo, quanto aos regimes eleitorais.

A democracia directa – os cidadãos a tudo decidirem – é uma ilusão. Veja-se a Califórnia, onde desde há anos se multiplicam os referendos. O resultado é incoerente: a maioria quer pagar menos impostos e beneficiar de mais serviços públicos. Atitude contraditória que bem conhecemos entre nós e que a democracia directa só agravaria.