Mário Soares é um deles, ao incentivar a atitude irrealista e demagógica do líder socialista de reclamar eleições e propor-se renegociar tudo com a “troika”.
O executivo de Passos Coelho é o primeiro responsável pela falta de um consenso mínimo com o PS neste momento de aguda crise nacional.
Mais de uma vez manifestei nesta coluna a minha surpresa e o meu desagrado com o afastamento, pelo primeiro-ministro, de António José Seguro das questões centrais do programa de ajustamento negociado com a “troika” e por esta vigiado.
A este erro político, cometido praticamente desde que este Governo tomou posse, veio depois somar-se, da parte de Seguro, uma atitude irrealista e demagógica – reclamar eleições e propor-se renegociar tudo com a “troika”.
É triste que a posição de Seguro seja incentivada por Mário Soares, a quem a democracia portuguesa tanto deve. Candidatar-se às penúltimas eleições presidenciais já revelava alguma insensatez de Soares. E o seu exaltado esquerdismo dos últimos anos (talvez para compensar ter em tempos metido o socialismo na gaveta) contrasta com a coragem com que, em 1978 e 1983, enfrentou duas duras intervenções do FMI em Portugal.
Mário Soares é hoje um factor de divisão. Nem o país nem ele próprio o mereciam.