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Francisco Sarsfield Cabral

Liderar a desgraça

02 abr, 2013

Coligações com a esquerda radical serão impossíveis e coligações à direita serão improváveis. Em 1978, um Governo PS-CDS durou seis meses; agora, se calhar nem tanto.

Parece que alguns socialistas andam entusiasmados com a hipótese de haver eleições antecipadas. Convinha repararem no seu ídolo francês, François Hollande. Uma vez no poder, Hollande tem gerado uma enorme decepção. Porque até à sua eleição, em Maio, andou a falar muito em crescimento económico, menos austeridade, etc., e depois se viu obrigado a fazer o inverso.

Por outro lado, indicam as sondagens que o PS não teria maioria absoluta em eventuais eleições. Coligações com a esquerda radical serão impossíveis, pois Seguro já garantiu que não cortaria com a “troika”. E coligações à direita serão improváveis, até porque uma maioria PS-CDS é difícil alcançar e ainda mais de gerir. Em 1978, um Governo PS-CDS durou seis meses; agora, se calhar nem tanto.

Teríamos, então, um impasse político à italiana, ou seja, a ingovernabilidade de um país sujeito a um programa de ajustamento. Não cumprida a condicionalidade desse programa, cessam as “tranches” do empréstimo. Não se entende o gosto que Seguro teria em liderar a desgraça de Portugal.