A austeridade necessária para travar o défice orçamental, e também o não menos grave défice externo, tem efeitos recessivos.
Cortes na despesa e subida de impostos travam naturalmente o consumo e o investimento. E como a economia assim não cresce e até se retrai, a receita fiscal diminui (pois baixam os rendimentos das pessoas e das empresas).
Resultado: o défice das contas públicas aumenta, em vez de diminuir. E mesmo que não suba em termos absolutos, como o PIB desce, a proporção do défice é maior.
É um ciclo vicioso, no qual Portugal tende a cair, com ou sem FMI. Como quebrar este ciclo? Este é o grande desafio ao qual tem de responder qualquer programa eleitoral que se demarque da política seguida pelo Governo de Sócrates. Começar pela austeridade para só depois tratar de pôr a economia a crescer é uma ilusão: o défice das contas públicas arrisca-se a aumentar cada vez mais, como já acontece na Grécia.
Por isso, é preciso encontrar formas de estimular a economia sem pôr em causa a redução do défice. É sobretudo isso que o PSD tem de explicar como irá fazer.