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Ângelo Correia. Atentados querem prejudicar turismo na Tunísia

26 jun, 2015 • Celso Paiva Sol.

"O que eles querem fazer é retirar a possibilidade de turistas irem visitar a Tunísia", diz. Ataque na estância balnear de Sousse fez pelo menos 37 mortos.

Ângelo Correia. Atentados querem prejudicar turismo na Tunísia

Ângelo Correia diz que os atentados desta sexta-feira na Tunísia provam que o objectivo dos terroristas é prejudicar economicamente aquele paísm, atacando o seu principal recurso que é o turismo. Para o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Árabe-Portuguesa, esse é um objectivo, que já está a prejudicar todo o Mediterrâneo.

"O que eles querem fazer é retirar a possibilidade de turistas irem visitar a Tunísia. Quando dizem isso e afirmam isso pela força das bombas, e das armas e do sangue, o que estão a fazer é a debilitar a própria Tunísia – estão a enfraquecer o seu Estado", diz à Renascença

Já sobre o regresso dos atentados à Europa, como o desta quinta-feira em França, Ângelo Correia considera que é um problema com que todo o continente terá que viver durante muitos anos. O antigo ministro da Administração Interna lembra que o risco está dentro das próprias fronteiras.

"Sete ou oito por cento da população europeia hoje em dia é islâmica e em França tem uma expressão que há quem diga que atinge mais de 10%. Não falo tanto só das pessoas que regressaram de operações da Bósnia, do Iraque, do Afeganistão, da Síria, falo mesmo de muitos que não chegaram a combater, mas que foram doutrinados de uma determinada maneira fruto de uma não integração nas sociedades europeias, numa não aculturação, num desprezo pela cultura e num ódio crescente à cultura ocidental e que por qualquer razão despertam para uma área de acção terrorista", analisa.

"Esse problema é gravíssimo,e é o problema com que a Europa se vai defrontar por muitos e muitos anos", refere o histórico do PSD.

Ângelo Correia considera que o Ocidente pouco poderá fazer para contrariar o extremismo de alguns muçulmanos porque esse é um conflito que se vive dentro do próprio mundo islâmico.

"É uma luta do mundo árabe consigo própria", diz. "Não só na base mais reduzida, menos intensa, menos visível da luta entre xiitas e sunitas, mas sobretudo das orientações dentro do movimento sunita em que se manifestam movimentos do radicalismo que não percebem o mundo de hoje, não o querem aceitar", afirma.

Aumentou para 37 o número de mortos do atentado desta sexta-feira na Tunísia, avança o Ministério da Saúde. Turistas alemães, britânicos e belgas estão entre as vítimas do ataque contra um hotel da estância balnear de Sousse, a 140 quilómetros da capital Tunes.

O ataque foi levado a cabo por pelo menos um homem, que conseguiu entrar num "resort" com uma metralhadora kalashnikov escondida num chapéu-de-sol e abriu fogo sobre os turistas.