Lisboa

Carris e Metro podem ficar na gestão da Câmara. Negociações vão começar

12 abr, 2014

Câmara de Lisboa defende ter condições para assumir a gestão das empresas e quer melhorar o serviço e a satisfação dos utentes. Governo quer lançar o concurso para a concessão a privados até ao final de Junho.

Carris e Metro podem ficar na gestão da Câmara. Negociações vão começar
Mário Cruz/Lusa
A Câmara de Lisboa e o Governo vão negociar a passagem da gestão da Carris e do Metropolitano para o município antes de a tutela tomar uma decisão definitiva quanto à concessão destas empresas de transportes públicos a privados.

A Câmara de Lisboa foi uma das entidades que participou no período de consulta pública sobre a concessão a privados.

"O Estado decidiu separar a propriedade da gestão ao admitir concessionar a gestão a privados. Nós constatámos que temos condições para discutir também com o Estado e assumirmos nós a gestão destas empresas", explica o presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, à agência Lusa.

O concurso para a concessão das empresas deve ser lançado até ao final do mês de Junho, segundo as pretensões do Governo.

A "negociação terá de estar terminada atempadamente, para que o Governo possa tomar decisões sobre o futuro das empresas". A tutela "aceitou negociar antes de tomar uma decisão definitiva sobre a abertura dos concursos", acrescenta António Costa.

Além da passagem da gestão dos transportes públicos para o município, António Costa tem reivindicado uma indemnização da parte do Estado pela nacionalização da Carris e do Metropolitano em 1975, até então municipais, mas este assunto fica, para já, fora desta negociação.

Em cima da mesa vão estar os moldes da gestão municipal, os custos para o município e o período da gestão.

"O que faz sentido para a Câmara quando assume a gestão da Carris e do Metro é melhorar o serviço, a cobertura e a satisfação dos utentes, e isso tem de ser feito sem prejudicar a trajectória de consolidação das empresas, nem o equilíbrio financeiro do município", justifica o autarca.

Paz social
Entre as preocupações da Câmara de Lisboa está também a paz social da empresa. Estruturas representantes dos trabalhadores da Carris e do Metropolitano têm mantido reuniões com António Costa, que considerou que "há um empenho para encontrar no município soluções" que compatibilizem a defesa dos direitos dos funcionários com situação financeira da empresa e do município.

No entender de António Costa, a negociação tem de passar também por uma "partilha adequada de responsabilidades de quem é accionista – o Estado – e quem assume gestão – o município", devendo ser feita de acordo com um "modelo de financiamento sustentável dos investimentos futuros e da exploração e tendo como pressuposto uma solução para os passivos acumulados".

A Renascença ouviu, este sábado de manhã, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Tracção do Metro de Lisboa, Silva Marques, segundo o qual a empresa tem de continuar na esfera pública ou, quanto muito, na gestão da Câmara.

O presidente da Câmara de Lisboa marcou para terça-feira, dia 15, uma reunião de Câmara extraordinária, onde o PS tem maioria absoluta, para "aprovar formalmente" a abertura destas negociações com o Governo e os moldes da negociação.