Sem surpresa

O Presidente do Sporting acaba de lançar um novo mas desde sempre previsível desafio a Jesualdo Ferreira para que este se torne no quarto treinador do clube na temporada que ainda nem sequer vai a meio.

É obra! Contando nesta altura mais técnicos ao seu serviço no período de quatro meses do que vitórias alcançadas pela sua equipa principal de futebol, o Sporting arrisca-se a entrar para história inscrevendo nela a página mais negra do seu longo historial.

A saída do belga Francky Vercauteren tornou-se previsível pouco tempo depois da sua chegada a Alvalade.

A situação em que encontrou uma equipa feita em cacos e o seu total desconhecimento acerca do futebol português constituíam-se como peças de uma engrenagem que não tinha condições para funcionar de forma satisfatória.

E assim começou o curto calvário do treinador belga que, em onze jogos, apenas logrou ganhar dois, tendo perdido cinco e empatado quatro.

Para esse acentuar de uma crise que já herdara, Vercauteren incorreu também em vários  equívocos na orientação da equipa, dando muitas vezes a ideia de andar completamente à deriva no meio do mar encapelado que tem trazido Alvalade em verdadeiro reboliço.

Agora chegou a vez de Jesualdo Ferreira, que assim se arma em escudo de protecção de um Presidente desacreditado, que a grande maioria dos adeptos desejam ver rapidamente pelas costas.

E, neste aspecto, esta operação não será mais do que o adiar de um desenlace inevitável que nem as mais imaginativas operações de marketing conseguirão disfarçar.

Para um homem com a experiência de Jesualdo trata-se de um desafio.

Sempre foi fácil prever que, investido nas funções de “manager”, era o cargo de treinador que estava na esquina mais próxima à sua espera.

A situação desgraçada que o clube vive poderá agora transformar-se num óptimo momento de afirmação para quem já estava certamente com saudades de se sentar no banco.

No próximo domingo começará a fazer-se luz num jogo onde, curiosamente, estarão frente a frente dois técnicos acabadinhos de chegar. Será o reencontro de Jesualdo com Manuel Cajuda, que também já estaria cansado de tanto descansar.