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Ribeiro Cristóvão

Sonho de um dia

31 jul, 2012 • Ribeiro Cristóvão

Sem uma política séria e bem orientada da prática desportiva, continuaremos ciclicamente a viver estes sonhos, que de vez em quando nos enganam, mas apenas de forma passageira.

Sonho de um dia

Seriam poucos os que estariam à espera de boas notícias vindas de Londres, enquanto vão decorrer os Jogos Olímpicos de Verão. Tal estado de espírito, que alastrara a todo o país, era o sinal das reduzidas expectativas com que sempre foi encarada a presença portuguesa neste grande acontecimento e, no fundo, o reflexo do valor desportivo global da nossa embaixada.

Os próprios responsáveis foram sempre muito prudentes nas suas previsões, nunca deixando transparecer a possibilidade de regressar a casa com uma ou mais medalhas, que pudessem premiar o esforço despendido por todos os atletas ao longo de quatro anos de preparação.

Para esse pessimismo viriam também a contribuir decisivamente alguns imponderáveis de última hora, como lesões de atletas já medalhados noutras circunstâncias e que teriam agora algumas condições para repetir esses sucessos.

Todos conhecemos os casos de Naide Gomes, Francis Obikwelu e de Nelson Évora, cujas ausências deitaram por terra as aspirações que ainda pudessem existir.

À última hora o judo acabou no entanto por lançar alguma esperança nas hostes portuguesas, transformando Telma Monteiro e João Pina nos redentores de uma cruzada antes destinada ao insucesso.

Só que o sonho durou apenas um dia. Por um triz é certo, mas ambos os atletas regressaram a casa mais cedo com a bagagem tristemente vazia.

Para já, fica de novo a lição: sem uma política séria e bem orientada da prática desportiva, continuaremos ciclicamente a viver estes sonhos, que de vez em quando nos enganam, mas apenas de forma passageira.