17 fev, 2012 • Ribeiro Cristóvão
Poderá parecer estranho que ainda haja quem pretenda voltar a algumas questões levantadas com a demissão de Domingos Paciência do cargo de treinador do Sporting, sobretudo numa altura em que o futebol do clube começa vida nova, sob outra orientação e com a perspectiva de melhores resultados.
Porém, não é despiciendo que tal aconteça, porque enquanto o jornalismo se mantiver sob a capa da atitude cobarde que tentou assassinar um profissional, não é justo que permaneça o silêncio.
Mais tarde ou mais cedo saber-se-à, em pormenor, quem foi o autor da intentona que quis colocar Domingos na órbita do Futebol Clube do Porto, apenas sob o pretexto de lhe sonegar direitos inalienáveis e de não o ressarcir dos prejuízos pessoais e profissionais que um despedimento fora de tempo acarretou.
Por algumas das redacções espalhadas pelo país circulam já diversas versões da trama urdida por cérebros sem escrúpulos para sujar o bom nome do treinador, das quais, ele próprio, terá já, inclusive, conhecimento.
Não tardará por isso muito tempo para que a verdade inteira chegue ao conhecimento do público, num acto saudável de que o bom jornalismo sairá prestigiado.
A bola está do lado da Agência Lusa, uma entidade séria à qual estão atribuídas grandes responsabilidades na prestação de um serviço público rigoroso e de qualidade.
Porque não desejará acolher-se sob o manto de um anonimato que nada justifica, os seus responsáveis não ignoram o desejo de tudo ser esclarecido, antes que outras entidades promovam essa iniciativa.
Nem a Lei a impede de publicar as fontes de que dispôs.
Recorda-se que, em tempos, o Benfica também tentou uma operação semelhante àquela agora engendrada pelo seu vizinho da segunda circular, despedindo o treinador Manuel José com o rótulo de incompetente, o que na altura pôs o país a rir até às lágrimas.
E também todos nos recordamos como então essa comédia terminou.
Em nome das pessoas sérias que andam no futebol, antes que a moda pegue, e ainda porque Domingos Paciência não pode passar de herói a vilão no espaço de 24 horas, reclama-se uma urgente clarificação de um acto cobarde, intolerável, e que, por isso, não pode deixar de arrastar consigo pesadas consequências.