11 ago, 2017 - 14:06
Em Junho, quando Donald Trump anunciou que iria retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris, Al Gore ficou perturbado. Mas a reacção do mundo e de muitas cidades, estados e empresas dos Estados Unidos deu esperança ao ex-vice-presidente norte-americano, que tem um novo filme sobre o aquecimento global.
Al Gore, que recebeu o Prémio Nobel da Paz devido à sua luta contra as alterações climáticas, temeu que o “não” de Trump ao Acordo de Paris, alcançado por 195 países em 2015, depois de duas décadas de negociações difíceis, inspirasse outros países a rasgar os seus compromissos em matéria de clima.
Apesar da decisão de Donald Trump, o ex-vice-presidente de Bill Clinton, que estará na Web Summit, marcada para Novembro, em Lisboa, acredita que os Estados Unidos vão cumprir as metas acordadas em Paris, graças aos esforços de cidades, estados e empresas.
“Tantos governadores do meu país – incluindo aqueles dos estados maiores – e tantos presidentes de câmaras e líderes empresariais chegaram-se à frente para preencher o vazio e disseram que ainda estamos no Acordo de Paris”, afirmou Al Gore, em entrevista à Thomson Reuters Foundation, em Londres, onde promoveu o seu novo filme sobre as alterações climáticas, "An Inconvenient Sequel: Truth to Power".
Em Julho, o governador da Califórnia, Jerry Brown, e o ex-“mayor” de Nova Iorque, Michael Bloomberg, criaram a iniciativa “America's Pledge" para unir quase 230 cidades e condados, nove estados e mais de 1.500 empresas (incluindo algumas das 500 principais firmas norte-americanas) num esforço para desacelerar as mudanças no clima do planeta.
Iniciativas como esta e a resposta de outros países à posição de Trump dão esperança a Al Gore. "Agora, parece que os Estados Unidos vão mesmo cumprir os seus compromissos firmados em Paris, apesar de Donald Trump”, diz.
Segundo o Acordo de Paris, os Estados Unidos prometeram reduzir, entre 2005 e 2025, as suas emissões de 26 a 28%. A comunidade internacional comprometeu-se a limitar a subida da temperatura "bem abaixo dos 2 graus centígrados" relativamente à era pré-industrial.
Al Gore temeu também que outros países seguissem Trump e usassem a recusa do republicano “como desculpa” para sair do entendimento de Paris, mas “o resto do mundo, no dia imediatamente a seguir, redobrou os seus compromissos para se manter no acordo, como se dissessem: 'Vamos mostrar-te como é, senhor Trump!’”.
“Agora temos soluções”
"An Inconvenient Sequel: Truth to Power" é a sequela do primeiro filme de Al Gore sobre o aquecimento global.
"An Inconvenient Truth" (2006) foi muito elogiado por levar o debate sobre este tema a um público maior. O novo documentário mostra as acções de Al Gore pelo mundo e divulga passos que as pessoas comuns podem seguir para proteger a Terra dos impactos negativos do aquecimento global.
“An Inconvenient Truth” ganhou o Óscar de Melhor Documentário e Al Gore recebeu, em 2007, o Nobel da Paz, em conjunto com o Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas.
Al Gore está agora “muito esperançoso” que o mundo encontre “soluções para a crise do clima”. “Na década que se seguiu ao primeiro filme, vimos duas grandes mudanças: a primeira é que os acontecimentos extremos relacionados com o mundo são mais comuns e piores, mas a segunda grande mudança é que agora temos soluções”, disse em entrevista à Thomson Reuters Foundation.
Para o ex-vice-presidente dos Estados Unidos, as soluções estão em energias renováveis, como a solar e a eólica, que, diz, tornaram-se mais baratas e comuns. “Estamos a ver uma grande mudança.”