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Pode Trump tornar-se no próximo Nixon?

16 mai, 2017 - 15:07 • Elsa Araújo Rodrigues

O descontentamento face à acção de Donald Trump não pára de crescer e parece estar a abrir (ainda mais) o caminho para a sua destituição.

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Obstrução à Justiça. Foi um dos argumentos utilizados em dois dos mais conhecidos processos de impugnação - de Bill Clinton e Richard Nixon - instaurados a presidentes dos Estados Unidos. A colocação de entraves a que seja conduzida investigação judicial é, precisamente, a suspeita de que é alvo Donald Trump, por ter despedido o director do FBI.

James Comey confirmou que a Rússia interferiu na campanha eleitoral norte-americana para beneficiar Donald Trump e estava a investigar eventual ligação entre Moscovo e a campanha do actual Presidente.

As suspeitas de que a saída de Comey se deveu a uma vontade de impedir a justiça de seguir o seu curso adensaram-se depois das ameaças de Trump sobre uma eventual divulgação das conversas entre os dois.

Através do Twitter, Trump deixou uma mensagem dúbia ao ex-director do FBI – que se prepara para falar sobre a dispensa – acerca da comunicação entre ambos.

Na segunda-feira, o jornal “The Washington Post” avançou com a informação de que o Presidente norte-americano terá partilhado informação “altamente secreta” com o ministro dos Negócios Estrangeiros e com o embaixador russo em Washington.

A alegada proximidade da administração Trump à Rússia é assunto que não sai das manchetes dos jornais nem das colunas de opinião.

Robert Reich escreve na revista Newsweek que o despedimento de Comey é o “princípio do fim de Trump”. O historiador é categórico e relembra que a obstrução à justiça configura uma “violação clara da lei” e é matéria mais do que suficiente para dar início à investigação que poderá fazer avançar o processo de impugnação. No limite, poderá implicar a destituição de Donald Trump.

Reich não é o primeiro a comparar Trump a Nixon. Outros defensores da destituição do actual Presidente dos EUA já o fizeram. Richard Nixon foi impugnado por acusações à violação da Constituição relacionadas com o processo “Watergate” – e também fundamentadas na premissa de que impediu a Justiça de investigar. Já Bill Clinton – para quem Reich trabalhou - também foi alvo de um processo de impugnação, mas foi ilibado das acusações no Congresso.

Reich assevera que motivos para destituir Trump não faltam, mas duvida dos membros partido pelo qual foi eleito – não sabe se existem republicanos mais leais à América do que ao Partido Republicano.

É uma dúvida que Ron Fein não tem em relação à matéria que justifique avançar para o processo de impugnação. Desde o dia da tomada de posse que o movimento “Impeach Trump Now” de que faz parte quer impugnar o Presidente por, alegadamente, violar uma cláusula da Constituição norte-americana (cláusula dos emolumentos) que impede o chefe de estado de receber pagamentos de Estados ou líderes estrangeiros.

Entrevistado pela Renascença, em Abril, Ron Fein, da Free Speech For People, uma das organizações que dinamiza o processo de impugnação, explicava que a campanha de destituição de Trump se baseia na defesa do princípio de que “ninguém está acima da lei, nem o Presidente”.

O processo de impugnação só poderá avançar com uma maioria de votos a favor da Câmara dos Representantes, que tal como o Congresso, são republicanos. E é neste ponto que os argumentos de Fein e Reich se tocam.

Para Ron Fein, a destituição será uma inevitabilidade porque até os membros do Partido Republicano “vão chegar a um momento em que vão estar fartos de Trump”.

O momento parece estar a chegar, mas dificilmente Trump será um “novo” Nixon, acredita Ron Fein: “Nixon tinha um sentimento da sua própria dignidade e um desejo de evitar passar pela vergonha de se tornar alvo do ridículo. Penso que Trump não partilha desse sentimento.”

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  • Carlos
    16 mai, 2017 Caldas da Rainha 23:08
    Sempre foi assim. O génio, o talento, o inspirador, o inovador, o dirigente de ideias rasgadas e libertadoras de ameias e escolhos de quem cultiva teias de aranha e não tem coragem de vencer Adamastores, foram, são e serão os eternos perseguidos. Todos aqueles "que vão pela sombra e não se queimam", os brandos que nunca dão um murro na mesa ou um abanão no barco são os "porreiros", os "bonzinhos", os "politicamente corretos" que se escondem procuram passar despercebidos, são os "invisíveis" que adiam ser conhecidos e para tal evitam decisões, e quando as tomam escondem-se na diluição das responsabilidades que advém de decisões colegiais. É por isso que a corrupção alastra como cancro, que os preconceitos vicejam como cogumelos venenosos e o moralismo nos submerge num mar de mentalidade tacanha. Na Idade Média um punhado de portugueses mudou a história da humanidade com a aventura dos descobrimentos. Hoje ninguém dá novos mundos ao mundo, criticamos por criticar e cedemos vergonhosamente a populistas, buzinamos por ver buzinar os outros e assim vai a espécie Sapiens Sapiens dita a mais inteligente do planeta!
  • Madsla
    16 mai, 2017 Évora 20:38
    Contestação? Só se for dos media que ainda não conseguiram engolir o sapo, por apoiarem a clinton...
  • Joe
    16 mai, 2017 Usa 20:34
    Fake news. Again...
  • couto machado
    16 mai, 2017 porto 19:37
    tudo isto é devido a não haver nada que fazer...a imprensa tenta desesperadamente sobreviver e, vai daí, toca a criar ficção
  • CARLOS COUTO
    16 mai, 2017 Miami - US 19:23
    Nao posso acreditar no que estou a ler na renascença . Esperava este artigo completo de mentiras no avante ou noutro meio de comunicação da geringonça. Presidente Trump foi eleito e irá ser reeleito por nós o povo Americano. Quantas mais campanhas de mentires vocês inventarem mais será certo a sua reeleição pela maioria silenciosa mas votante do povo Americano. Este artigo faz vómitos de tão baixo, tão sujo com o único objetivo de lavar o cérebro das pessoas menos informadas. Exemplo perfeito the Fake News levadas ao extremo por um jornaleiro de internet....só não esperava na Renascença ....o que é que avountecea ha renascença?
  • iFernando
    16 mai, 2017 Porto 18:36
    tanta imaginação dos jornalistas melhor dedicarem-se à ficção
  • Yaca
    16 mai, 2017 Damaia 18:35
    Porque razão não me admira, que voltem, de novo a falar de Trump e da sua saída da Presidência? Porque a preocupação que têm, alguns norte americanos e os média a eles ligados, não é com o Obama care nem com a economia, nem com a política interna. O que eles não desejam é que o Presidente tenha qualquer aproximação a Moscovo, seja ela qual for. Querem na pior das hipóteses uma abordagem em política externa idêntica à de Obama. Conseguiram que Trump se desligasse de pessoas que pudessem estar ligados de alguma forma aos russos. Agora querem que mude a sua forma de agir. Se não o fizer terá os donos da comunicação social e outros contra si. Os outros são os que não o apoiaram nas eleições, democratas e alguns republicanos.
  • jrmoura
    16 mai, 2017 lisboa 18:20
    Posso estar enganado mas este tipo não passa dum traidor.
  • Manuel Sá
    16 mai, 2017 Porto 17:45
    Trump teve muitos milhões de votos e ninguém o vai pôr fora. ELE é que vai sair de livre vontade (e eventualmente com negócios feitos - pois ele não anda ali a encher pneus). Não tem vida para aquilo, sempre tal se verificou.
  • Jorge Valente
    16 mai, 2017 Funchal 17:40
    Meu caro Filipe, não foram os russos que chegaram aos USA disfarçados de americanos. Nestas eleições havia a possibilidade de o voto ser electrónico. E nós votos electrónico em três Estados diferiam dos votos em papel. Até poderia ser normal, não fosse um facto curioso: a diferença era igual, mas é logo nos três Estados com mais grandes eleitores. É como jogar no euromilhões, pode sair, mas mas é muito pouco provável. A destruição do diretor do FBI também levanta sérias dúvidas.

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