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Gibraltar queixa-se de “bullying” espanhol por causa do "Brexit"

03 abr, 2017 - 16:43

O estatuto da possessão britânica, que se situa na ponta sul de Espanha, sempre foi uma fonte de tensão entre os dois países, mas as negociações do Brexit elevaram a temperatura e já há quem fale de guerra.

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O líder de Gibraltar diz que o seu território está a ser vítima de uma campanha de “bullying” orquestrada por Espanha, com a cumplicidade de Donald Tusk, o presidente da Comissão Europeia, que se está a comportar como um “marido traído”.

Numa primeira versão das linhas orientadoras da União Europeia para as negociações com Londres, há uma referência explícita a Gibraltar e está estipulado que Espanha terá direito a veto em qualquer futuro acordo entre o Reino Unido e a União Europeia que refira o território.

A introdução desta alínea, apesar de ainda ser numa versão preliminar, enfureceu os britânicos, com um antigo líder do Partido Conservador a dizer que o país estaria disposto a ir para a guerra por causa de Gibraltar, como fez há 35 anos com a Argentina, por causa das ilhas Falklands. A imprensa conservadora e sensacionalista foi atrás da polémica e denunciou as autoridades europeias e espanholas, enquanto o Governo tentou um tom mais conciliador, dizendo que prefere esperar para ver o texto definitivo. Questionado sobre as referências à guerra, um porta-voz da primeira-ministra Theresa May disse simplesmente que “não vai chegar a isso”.

Mas o ministro-chefe de Gibraltar, Fabian Picardo, lamentou a posição da União Europeia e mais especificamente de Espanha. “O sr. Tusk, que é dado a fazer analogias sobre divórcio, está a portar-se como um marido traído que se vinga nos filhos”.

“Não somos uma moeda de troca e não aceitamos ser vítimas do brexit porque não somos os culpados do brexit. Nós votámos para permanecer na União Europeia, por isso vingarem-se de nós é permitir o ‘bullying’ espanhol”, diz Picardo.

Na altura do referendo a esmagadora maioria dos gibraltinos votaram a favor da permanência na União Europeia, mas não há qualquer indicação de que a saída tenha afectado a sua lealdade à Grã-Bretanha que ficou bem expressa num referendo interno em 2002 quando 98% rejeitou mudar o estatuto da “Rocha” Para permitir soberania partilhada por Espanha. O responsável pela pasta Negócios Estrangeiros do Reino Unido, Boris Johnson, já disse publicamente que o brexit em nada altera o estatuto de Gibraltar, nem vai alterar.

Gibraltar foi cedida ao Reino Unido em 1713 com o tratado de Utrecht, a título perpétuo. Contudo Espanha, que para além de ocupar Olivença – território reivindicado por Portugal – e ter dois enclaves em África, Ceuta e Melilla, insiste que Gibraltar devia voltar para a sua posse.

Comentários
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  • Jorge
    05 abr, 2017 Sintra 17:02
    Valha-nos pelos menos um pouco de humor, para animar as gentes! Siga a dança..
  • VIRIATO
    05 abr, 2017 CONDADO PORTUCALENSE 14:42
    Vejo por aqui muito luso- galego a debitar nada, que é para não dizer outra coisa. Falam dos ingleses mas aquilo a que vocês chamam...mas eu não, "nuestro hermanos", mais não são um povo bárbaro que tentaram tomar de assalto a península ibérica, contra a vontade da identidade de outros povos mas....fornic@r@m-se, aqui com os LUSITANOS E LEVARAM UMAS PADEIRADAS , e cavaram atrás dos catalães. De espanha nem bons ventos nem bons casamentos...quando acontecer alguma javardice na central nuclear deles, abrem as comportas das barragem e vem o lixo nuclear para o zé tuga cheirar. Aqui neste país o que há mais é traição e cobardia. Alguns não se importariam de os seus compatriotas fossem dominados pelos sarracenos e morassem à moda de meca, desde que esses vivessem bem sem os chatearem. Vergonha de pseudo-portugueses.
  • Lucas Silva
    05 abr, 2017 Porto 09:38
    Espero que a Inglaterra fique isolada, perdendo não só controle sobre Gibraltar, mas também sobre Irlanda do Norte e Escócia. Assim pagariam por sua arrogância e além da bandeira do reino unido deixar de existir a libra despencaria e caso quisessem voltar à União Européia seria na condição de adotar o Euro com sua moeda corrente.
  • Jorge
    04 abr, 2017 Sintra 19:50
    A Inglaterra pode ter ou tem mesmo razão, até porque é vontade do povo de Gibraltar, permanecer ao lado dos ingleses.Contudo, partir logo para a ameaça: guerra! Voltamos ao séc. XVIII/XIX ?É quase ridículo em pleno séc. XXI e numa europa civilizada a mente ficar sujeita a esta regressão!
  • Carlos Luna
    04 abr, 2017 Estremoz 19:08
    PARALELISMOS IBÉRICOS OU... O DIREITO INTERNACIONAL À MEDIDA     Mais uma vez se agitam os meios políticos espanhóis Em uníssono,  ou quase, comentadores e políticos reafirmam a sua intenção de não abdicarem da reivindicação espanhola sobre Gibraltar. O "Brexit" veio  em seu auxílio, e a questão parece ter agora um âmbito europeu. Os  comentários são de cariz a não deixar dúvidas: a Espanha e a maioria  dos espanhóis sentem-se profundamente ofendidos com a presença britânica em Gibraltar, desde 1704, que consideram ser uma situação colonial  anacrónica. Dizem que a vontadedas populações não pode ser tida em linha de conta, já que a população já não é na sua maioria descendente dos habitantes originais, e que tem sido enganada com mentiras. «Ha  llegado el momento" de poner sobre la mesa "con los ingleses, nunca con los gibraltareños", la cuestión de la soberanía, cedida a la Corona británica por el Tratado de Utrecht (1713).»     O que espanta qualquer português minimamente informado é o milagre de em Espanha poucos se darem conta de que todos e cada um dos argumentos sobre Gibraltar se poder aplicar, com maior premência, a Olivença (ocupada em 1801, devolvida  por Tratados Internacionais em 1815, aceites por Espanha em 1817),  razão, aliás, para que o Estado Português, embora não o divulgue muito, não reconheça a soberania espanhola sobre a Região, situação que está até ligada ao aproveitamento das águas do Alqueva.     E, se como faz Espanha, e como vimos, se insiste em argumentar  que em Gibraltar se vive uma situação colonial que "distorceu" a  vontade popular e que criou uma situação "de facto" inadmissível, o  que dizer do que se passou em duzentos anos em Olivença? Trocaram-se  apelidos e nomes de ruas, escondeu-se e falsificou-se a História,  prendeu-se gente (principalmente na época da ditadura de Franco, mas  ainda antes), proibiu-se a língua, dispersaram-se populações... o que  é isto se não colonialismo?     Como se podertá fazer entender a Madrid que, ao agir assim, perde toda a autoridade moral para protestar? Que não pode aplicar umas regras do Direito Internacional num lugar, e contrariá-las noutro? Que os gibraltinos sabem dessa contradição, e que não se cansam de a divulgar em toda a Imprensa europeia?     Como se poderá fazer entender ao Estado Português que o seu quase total silêncio nesta matéria é muito pouco lógico, e nada dignificante?     Por que razão não há um respeiro mínimo por princípios, e se não entende que tal não é contraditório com relações de amizade e boa vizinhança?     Curiosa, também, a reação de alguns meios portugueses, que se  apressaram a fazer publicar artigos sobre as polémicas em torno de  Gibraltar, incluindo resenhas históricas que recuam a 1703, que,  nalguns casos, referiram o problema, ao que parece semelhante, das  Malvinas, mas que esqueceram.. . Olivença. A cidade que, como se lê na  "História de Extremadura", de Marcelino Cardalliaguet Quirant, da  Biblioteca Popular Extremeña (Universitas Editorial,), um livro de  bolso de 1993, não era tão pouco importante assim. Cito « En 1801, el  território extremeño se veria repentinamente aumentado con la  importante ciudad de Olivenza - ENTONCES TAN GRANDE Y POBLADA COMO  BADAJOZ [SIC] -, conquistada a Portugal en la llamada Guerra de las  Naranjas por el próprio Godoy(...)»     Tenham juízo, meus senhores!     Estremoz, 4 de abril de 2017 Carlos Eduardo da Cruz Luna
  • Onofre Baptista
    04 abr, 2017 Luanda 18:52
    Os ingleses entregaram Hong Kong à China, quando a China quis e como quis. Todos sabem que a Inglaterra é uma potência militar muito superior a Espanha, caso contrário já tinham ido borda fora do rochedo. A Inglaterra sabia que, os mil e trezentos milhões de chineses a mijar para cima dos ingleses iriam afoga-los rapidamente. Já os espanhóis, enquanto não tiveram força suficiente, não vão conseguir expulsá-los do território que sempre foi deles
  • Amadeu Lisboa
    04 abr, 2017 A-dos- Cunhados 18:28
    Nem Olivença volta para Portugal, nem Gibraltar voltará para Espanha. As populações já por várias vezes manifestaram a sua vontade de se manterem como estão. Tomara a Espanha e Portugal governar o território atual . Ou ainda querem mais problemas?
  • FERNANDO DUARTE
    04 abr, 2017 ARROUQUELAS 18:15
    acima dos interesses políticos estará certamente o superior interesse dos Gibraltarenhos, e o povo de Gibraltar não quer ser espanhol, e isso os espanhois não entendem, por isso fazem rigorosas e minuciosas revistas aos carros dos "janitos" e quem lá trabalha ( muitos deles espanhois) com filas de 3/4 horas para passar a fronteira como forma de pressão a quem vai gastar as libras a espanha. é de uma descriminação inconcebível. vivi 12 anos em Gibraltar e depois de abrir a fronteira vivi em La Linea sei bem do que falo.
  • melough
    04 abr, 2017 faro 18:10
    Uma situação complicada..
  • KradFire
    04 abr, 2017 Portugal 17:01
    Esses porcos antes de falarem no Gibraltar devolvam-nos Olivença.

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