Emissão Renascença | Ouvir Online

Um Ensaio Geral com sotaque alentejano

13 fev, 2015 • Maria João Costa

O escritor Rui Cardoso Martins, natural de Portalegre, e o cartoonista Luis Afonso, nascido em Aljustrel, conversaram no "Ensaio Geral" gravado ao vivo na Livraria Ferin, em Lisboa.

O humor tem de incomodar, afirma Rui Cardoso Martins. O escritor, que esteve na equipa que criou as Produções Fictícias e escreveu para o Contra-Informação e para o "Inimigo Público", considera que não pode haver limites. No programa "Ensaio Geral", da Renascença, gravado ao vivo na Livraria Ferin, numa parceria com a Booktailors, o autor conversou com o cartoonista Luis Afonso sobre o atentado ao jornal Charlie Hebdo.

Rui Cardoso Martins defendeu que "o humor não é para aligeirar", mas sim para "aprofundar" e que tem de "haver esse trabalho se não a liberdade está sempre em risco". Já Luis Afonso considera que "o espaço e o motivo para os cartoons continua a existir" e que os cartoons mais do que porem as pessoas a rirem, devem por as pessoas a reflectir.

Na entrevista, gravada no Dia Mundial da Rádio, Rui Cardoso Martins recordou a sua passagem por uma rádio pirata. Já Luís Afonso evocou o momento em que fazia o Bartoon - a tira humorística que faz para o jornal "Público" - também para a antena da Renascença.

O cartoonista falou também dos tempos em que gravava em cassete os noticiários de rádio para poder citar de forma correcta certas frases nos seus cartoons.

O autor das tiras satíricas "SA", no "Jornal de Negócios", e "Barba e Cabelo", n'"A Bola", confessou que dá-lhe mais "gozo a escrita do que o desenho". "Acho que o texto/ideia é mais importante do que o desenho", diz Luís Afonso. O cartoonista vai mais longe e contabiliza que em cada cartoon que faz dedica "90% do tempo ao texto e 10% ao desenho" e conclui que "se encontrasse um desenhador que me compreendesse, eu fazia só texto".

O escritor Rui Cardoso Martins, autor que lançou recentemente o seu quarto romance, "O Osso da Borboleta" pela editora Tinta-da-China, afirma que um "livro deve falar sobre o seu tempo, falar das heranças e encontrar as cordas para o futuro. O autor, que mantém uma das crónicas mais antigas da imprensa portuguesa no jornal "Público", defende que um livro é "uma actuação sobre a realidade".