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Colocação de militares de vigilância nas escolas divide opiniões

04 jul, 2015 • Marina Pimentel

Escolas dizem sim, oficiais dizem não. Ministério da Defesa não percebe a indignação dos militares, já que vão ser remunerados.

Colocação de militares de vigilância nas escolas divide opiniões
Escolas dizem sim, oficiais dizem não. Ministério da Defesa não percebe a indignação dos militares.

A proposta de colocar militares de vigilância nas escolas está em cima da mesa e divide opiniões.

Trata-se de tornar mais claro uma prestação de serviço que é feita há 31 anos, esclarece o director dos Serviços de Segurança Escolares, José Fernandes, no programa "Em Nome da Lei", da Renascença. Esclarece que os militares que vierem a ser admitidos como vigilantes nas escolas não poderão andar armados.
 
O que podem, e fazem nalgumas escolas, é vigiar o espaço, como refere  Manuel Esperança, director do agrupamento de escolas de Benfica, em Lisboa. “Tenho muita pena de ter perdido o elemento que estava na minha escola.”

“Ele tem funções muito específicas, no fundo é vigiar o espaço, estar atento, se vê um miúdo mais pendurado num canto, é capaz de se dirigir com uma palavra, é evitar a situação do gato e do rato, falamos de fumar tabaco e outras substâncias. Para um director de uma escola, há necessidade de termos um elemento a vigiar os espaços exteriores”, aponta.
 
Manuel Esperança quer os militares nas escolas, mas a Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA) não. O presidente, o coronel Pereira Cracel, classifica a medida de “pura idiotice”.
 
“Isto não passa de uma pura idiotice. O militar tem uma formação que culmina numa postura de um homem preparado para o combate. E não tem qualquer formação para lidar, em termos pedagógicos, no âmbito de um contexto educativo, de lidar com crianças. Para além do mais, esta questão foge ao âmbito daquilo que constitucionalmente se prevê”, critica o presidente da AOFA.

O Ministério da Defesa não percebe a indignação dos militares, tanto mais que vão ser remunerados. Vão poder acumular o vencimento enquanto militares na reserva com um terço do da função de vigilante.
Para essa acumulação ser possível, o Governo até criou uma excepção à lei, explica Isabel Elias da Costa, directora de recursos humanos do Ministério da Defesa.

O habitual comentador da Renascença Luís Fábrica considera inadmissível que as escolas não possam contratar quem bem entendam para suprir as suas necessidades e que sejam obrigadas a esperar por autorização do Ministério da Educação. O advogado e professor da Católica espera que um dia alguém tenha a coragem de acabar com o Ministério da Educação.

Declarações ao programa da Renascença “Em Nome da Lei”, que este sábado debate a intenção do Governo de abrir concurso para a contratação de militares na reserva para fazerem vigilância nas escolas.