30 mar, 2011
Portugal precisa de um Governo de salvação nacional, defende António Saraiva, presidente da CIP - Confederação Empresarial de Portugal, em entrevista ao programa “Terça à Noite” da Renascença.
O Executivo que sair das próximas eleições tem que ter o apoio de uma larga maioria parlamentar. Essa é uma condição essencial para que o próximo Governo possa colocar as medidas de combate à crise em prática.
Portugal precisa de um “Governo de salvação nacional”
Se nenhum dos partidos conseguir a maioria absoluta, deve-se avançar para um Governo de salvação nacional que inclua o PSD, o CDS-PP, o PS e, idealmente, até os outros partidos de esquerda, sustenta António Saraiva.
O presidente da CIP justifica a opção: vivemos uma situação extraordinária que exige soluções extraordinárias.
Nesta entrevista à Renascença, afirma também que, na sua opinião, o Presidente da República deveria terá agido mais cedo e fomentado uma solução consensualizada, marcando as eleições para depois das férias. António Saraiva argumenta que assim, na prática, o país vai parar quase até ao fim do ano, o que é mau para as empresas e para a economia.
Cavaco Silva convocou o Conselho de Estado para quinta-feira à tarde para apreciar a dissolução do Parlamento, mas não a demissão do Governo que, assim, poderá continuar em funções plenas. Para António Saraiva, essa agora é a melhor solução e a que acaba por dar mais credibilidade ao país junto dos mercados financeiros.
Ainda assim, para o presidente da CIP, o recurso de Portugal à ajuda externa no curso prazo é inevitável e, ao contrário do primeiro-ministro José Sócrates, considera que não é preciso “diabolizar” a vinda do FMI, sendo certo que vai implicar medidas mais gravosas.
Na entrevista à Renascença, António Saraiva mostrou-se convicto que o Acordo para a Competitividade e Emprego, feito há uma semana na Concertação Social, poderá continuar a ser adoptado pelo novo Executivo, seja ele qual for.
Muitas das medidas ali expressas são defendidas pelas principais forças políticas, nomeadamente PSD e CDS, além do PS, argumenta o presidente da Confederação Empresarial de Portugal.
Tal como o líder social-democrata Pedro Passos Coelho, o presidente da CIP também defende a entrega de uma parte da Caixa Geral de Depósitos aos privados. No entanto, sublinha que tem que haver um banco público, sobretudo para apoio às empresas.
António Saraiva pronunciou-se também sobre a necessidade de qualificação dos portugueses. Considera que, por exemplo, o programa Novas Oportunidades tem algumas virtudes, embora o Governo o tenha aproveitado como instrumento de propaganda política. Mas sem condições para a criação de novos empregos, as pessoas ficam só com mais qualificações mas continuam desempregadas, sublinha o empresário.
Ana Carrilho