Emissão Renascença | Ouvir Online

Karadzic foi a "força motriz" nos genocídios na Bósnia

29 set, 2014

É pedida prisão perpétua para ex-líder militar e político dos sérvios da Bósnia, que será ouvido na quarta-feira.

Karadzic foi a "força motriz" nos genocídios na Bósnia
Está a chegar ao fim o julgamento do antigo líder servio-bósnio Radovan Karadzic. O antigo dirigente é acusado de promover a "limpeza étnica" de diversas regiões da Bósnia, após a desagregação da ex-Jugoslávia Federal. Na próxima quarta-feira o líder sérvio-bósnio apresenta as suas alegações finais. A leitura da sentença deve acontecer em 2015.
A procuradoria do Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia apresentou, esta segunda-feira, as alegações finais no julgamento do antigo líder sérvio-bósnio Radovan Karadzic. O dirigente foi considerado “uma força motriz” responsável por uma campanha de genocídio.

“Depois de centenas de testemunhas, 80 mil páginas de transcrições e 10 mil provas, a política de limpeza étnica está finalmente exposta”, disse o procurador Alan Tieger.

Durante a sua intervenção reforçou os argumentos, lembrando testemunhos de pessoas que perderam mães, pais e irmãos durante o conflito. Os procuradores do TPIJ defendem a prisão perpétua para o antigo líder.

Karadzic apresentou a sua própria defesa e rejeitou as acusações, alegando que não foi responsável pelas pessoas que levaram a cabo os massacres (de Saravejo e Srebrenica, por exemplo). Já em 2012, quando dicursou descreveu-se como um homem "tolerante" e "merecia um prémio".

Alan Tieger refutou, dizendo que “houve uma cadeia de comandos dos responsáveis municipais para Karadzic.”

Na próxima quarta-feira o líder sérvio-bósnio apresenta as suas alegações finais. A leitura da sentença deve acontecer em 2015.

A guerra civil na Bósnia, que se prolongou por três anos e meio, provocou cerca de 100.000 mortos e perto de 2,2 milhões de refugiados e deslocados.

Cronologia do julgamento
Radovan Karadzic foi acusado em 1995 de crimes de guerra pelo Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia que por sua vez foi estabelecido pelo Conselho de Segurança da ONU em 1993. 

Só foi detido em 2008. Dois anos depois começou o julgamento, juntamente com o de outros suspeitos como o comandante militar Ratko Mladic, e o presidente sérvio Slobodan Milosevic, que faleceu em 2006. 

Está acusado de cinco crimes contra a humanidade (perseguições políticas, raciais e religiosas, exterminação, assassínio, deportação e actos desumanos), três violações das leis de guerra (assassínio, actos de violência com o objectivo de espalhar terror pela população e a tomada de reféns), dois crimes de genocídio e uma transferência ilegal de civis devido a motivos religiosos ou de identidade nacional.

As duas acusações de genocídio referem-se ao massacre de Srebrenica, onde morreram oito mil muçulmanos (considerado o pior massacre na Europa depois da Segunda Guerra Mundial), e ao massacre de Saravejo que fez cinco mil vítimas.

Em 2012, uma das acusações de genocídio foi retirada, mas em Junho de 2013 a Câmara de Recursos reinstaurou a acusação.