Emissão Renascença | Ouvir Online

"Maior perigo para o futebol português são os resultados combinados"

13 jun, 2015

Federação e Liga não fiscalizam suficientemente os clubes nem o dinheiro que entra para comprar jogadores ou pagar a treinadores, afirma o jornalista Luís Aguilar, autor de um livro sobre a FIFA, no programa "Em Nome da Lei" da Renascença.

"Maior perigo para o futebol português são os resultados combinados"
Federação e Liga não fiscalizam suficientemente os clubes nem o dinheiro que entra para comprar jogadores ou pagar a treinadores, afirma o jornalista Luís Aguilar, autor de um livro sobre a FIFA, no programa "Em Nome da Lei" da Renascença.

O maior perigo para o futebol português são os resultados combinados, por causa da crise económica que atravessa os clubes, denuncia o jornalista Luís Aguilar, autor de um livro sobre a FIFA, entidade envolvida num escândalo de corrupção.

Em declarações ao programa “Em Nome da Lei” da Renascença, Luís Aguilar afirma que não é preciso comprar árbitros para corromper o jogo.

“O [caso] Apito Dourado é evidente que envolvia dirigentes de arbitragem que eram pressionados ou convencidos a nomear determinados árbitros para alguns jogos, mas há muitas formas de corromper um jogo e o maior perigo que o futebol português corre tem a ver com os resultados combinados que são criados pelos sindicatos do crime organizado”, refere o autor do livro “Jogada Viciada”.

Os graves problemas económicos que afectam os clubes deixam o futebol português mais vulnerável à corrupção.

“Estamos a falar de um país onde quando a época começa, em Agosto, e quando chegamos a Outubro ou Novembro, se calhar, metade dos clubes da I Liga e da II Liga já têm salários em atraso. Um jogador que ganha mil euros ou 1.200 euros por mês, ao fim de três meses não recebe, está muito mais susceptível a entrar numa ilegalidade e a poder viciar um jogo se lhe pagarem esse valor por uma distracção ou por um  lance em que tenha menos inspiração”, afira Luís Aguilar.

Por outro lado, diz o jornalista, a Federação Portuguesa de Futebol e a Liga de Clubes não fiscalizam suficientemente os clubes, nomeadamente o dinheiro que entra para comprar jogadores ou pagar a treinadores.

“Estou a falar do Sporting, estou a falar do Atlético que tem capitais chineses e até com  agente que já teve, no passado, ligada a casos de resultados combinados, o Beira-Mar que teve um dono iraniano e aquilo não resultou. Esta é uma das lutas em Portugal. Se há alguma instituição que fala nisto com seriedade e preocupação é o Sindicato dos Jogadores, de resto não vejo mais ninguém”, sublinha Luís Aguilar.

A detenção de sete dirigentes da FIFA pela autoridade judicial americana colocou a corrupção no futebol mundial na ordem do dia. Em causa subornos na ordem dos 140 milhões de euros.

Luís Aguilar diz que na FIFA tudo se compra, a começar pelos votos para a eleição do presidente da instituição.
 
O autor do livro “Jogada Viciada” diz que o presidente demissionário da FIFA, Joseph Blatter,  sempre se comportou como o dono do futebol, gerindo as receitas do Mundial com total discricionariedade, muitas vezes comprando o apoio das federações dos países mais pobres.

O advogado do Sindicato dos Jogadores e membro do Tribunal Arbitral do Desporto, João Nogueira da Rocha, admite que o problema está na forma como as receitas milionárias da FIFA são geridas.