Emissão Renascença | Ouvir Online

Maria José Morgado diz que há “muito dinheiro sujo” no futebol

28 jun, 2014 • Marina Pimentel

Maria José Morgado diz que os brasileiros estão a dar uma lição ao Mundo e aos portugueses contra os gastos sumptuosos no futebol.  

Maria José Morgado diz que há “muito dinheiro sujo” no futebol
Maria José Morgado considera que há um "patologia" a corromper o mundo do futebol, que é notória no Mundial do Brasil. No programa Em Nome da Lei, da Renascença, que é transmitido este sábado às 12 horas, a directora do Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa fala de um mercado "altamente opaco" que envolve dinheiros sujos de "actividades criminosas altamente rentáveis", como tráfico de estupefacientes e tráfico de pessoas.
Maria José Morgado acredita que há “muito dinheiro sujo no Mundial do Brasil e no futebol em geral.

Para agravar a situação, existe um sentimento de impunidade em relação à corrupção. Os corruptos sentem que não correm grande risco de ir parar à cadeia, ao contrário do que acontece com outros crimes, o que representa um grande problema para quem tenta combater o fenómeno, segundo a Directora do DIAP de Lisboa.

Maria José Morgado diz que ninguém pode dizer que o fenómeno da corrupção está sob controlo e dá como exemplo o dinheiro envolvido no Mundial: “Estão em causa, no mundial, à volta de 5 biliões de dólares. Quem controla esse dinheiro? Quem controla as fabulosas quantias das transmissões e das transferências dos jogadores? É um mercado altamente opaco, vulnerável e potenciador da atracção pelo dinheiro sujo”.

A procuradora Maria José Morgado, que coordenou as investigações sobre indícios de corrupção no futebol português a partir do primeiro processo Apito Dourado, diz que as comissões de ética e as estruturas de justiça desportiva são em geral apenas para fingir. O futebol é que manda e todos concordam que as entidades reguladoras não chegam para controlar o problema.

“Anda muito dinheiro a circular pelo mundo, proveniente das actividades criminosas altamente rentáveis, tráfego de estupefacientes, de pessoas, cibercrime, etc. Não estou a dizer que toda a gente está metida, estou a falar de patologias. É preciso mecanismos para os combater, controlar, prevenir e reprimir, em última instância.”

“Temos autoridades desportivas que têm essa obrigação, mas todas concordam que os resultados são insatisfatórios, nomeadamente na questão das fraudes nas transferências de jogadores”, acredita.

Apesar de todos os problemas, Maria José Morgado diz que os brasileiros estão a dar uma lição ao Mundo e aos portugueses contra os gastos sumptuosos no futebol, lembrando que quando criticou os elevados montantes gastos no Euro 2004 foi considerada antipatriótica.

Ainda nesta edição do “Em Nome da Lei”, o advogado e professor de direito Luís Fábrica diz que os portugueses são muito tolerantes em relação à corrupção no futebol, ao contrário do que acontece noutros sectores e o juiz desembargador Eurico Reis considera que as organizações ligadas ao futebol são estados dentro do Estado, o jurista José Manuel Meirim diz que organizações como a UEFA ou a FIFA não só movimentam muito dinheiro como representam um enorme poder que quem lá chega não o quer largar.

O programa Em Nome da Lei, com edição de Marina Pimentel, vai para o ar depois do noticiário das 12h, aos sábados.