Crise engorda porque se come mais barato e dorme-se pior

O consumo de alimentos mais baratos por causa da crise está a provocar um aumento do número de pessoas obesas, que dormem cada vez pior devido a problemas respiratórios.

O quadro é traçado pelo presidente da Sociedade Portuguesa de Neurologia (SPN), Vítor Oliveira, que sublinha a importância de um sono com qualidade, tanto mais que passamos "um terço da nossa vida a dormir".

O especialista sustenta que os tempos de crise conduzem a várias situações que potenciam um sono de pior qualidade. Com a crise, "as pessoas ficam em situações de mais ansiedade e depressão" e, por isso, "dormem pior", disse o presidente da SPN à agência Lusa, a propósito do Congresso de Neurologia 2012, que decorre entre quinta-feira e domingo, em Lisboa, e que este ano é dedicado ao sono.

"Estas pessoas não têm níveis profundos de sono, o que tem repercussões no dia-a-dia, como dores de cabeça ou um fraco rendimento profissional", disse.


Empobrecimento leva as pessoas a comer pior
O neurologista identifica outra questão relacionada com a crise: o aumento da obesidade associado a uma alimentação de pior qualidade.

"O empobrecimento leva as pessoas a comer pior, nomeadamente, alimentos mais baratos. Por isso, há cada vez mais gordos, pois as pessoas fogem para o que é mais barato".

A obesidade é, segundo Vítor Oliveira, um factor importante para as dificuldades no sono, nomeadamente a apneia obstrutiva do sono, pois "as pessoas mais gordas têm dificuldade em respirar".

Os especialistas recomendam, por isso, uma maior atenção aos alimentos que se ingerem e defendem a prática desportiva que "não precisa de ser em ginásios, pois quem corre na rua ainda não paga impostos".