15 mai, 2012 • Paulo Neves
O “Le Monde” enviou uma jornalista a Portugal e escolheu o Porto como a cidade onde se pode encontrar o símbolo de um "sistema de saúde anestesiado pela austeridade". A jornalista que assina o artigo faz um retrato ao Serviço Nacional de Saúde através do Hospital de São João e diz que o sistema é como o hospital: tem do melhor, mas também do pior.
O jornal encontra no Hospital de São João aparelhos de ponta e quartos com casa de banho privativas, tudo isto num sistema público. No entanto, na outra metade do hospital, os quartos são antigos e sem condições de privacidade. Acrescenta ainda assim que o pessoal médico e de enfermagem dedica a mesma atenção e entusiasmo às duas alas do hospital.
A jornalista escreve que os doentes em Portugal passaram a ser descritos como “clientes”. Aliás, a forma de gestão do hospital é apresentada como “uma gestão empresarial”.
O que pior funciona no SNS português, segundo a repórter, que chega a apresentar exemplos, são as listas de espera para uma consulta ou para uma cirurgia.
O artigo do “Le Monde” dedica muita atenção à conjugação entre o SNS e a austeridade em Portugal e lembra que este ano vão ser poupados 710 milhões de euros na saúde, numa decisão apoiada pela “troika”.
O jornal refere também que os portugueses vão muito às urgências hospitalares: 700 idas por cada mil habitantes, quando a média da Organização para o Crescimento e Desenvolvimento Económico (OCDE) é de 400. Já na ida a consultas médicas, os portugueses vão menos que os outros europeus.
Por fim, o “Le Monde” destaca um dado curioso: Portugal tem 10 milhões de habitantes, mas 12 milhões de inscritos no SNS.