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Especialistas divididos sobre o futuro das maternidades de Lisboa

03 mai, 2012 • Joana Bénard da Costa

Médicos concordam que há serviços a mais e partos a menos, mas não se entendem sobre as soluções a adoptar. A Renascença falou com os responsáveis de obstetrícia dos três grandes centros hospitalares da capital.

Especialistas divididos sobre o futuro das maternidades de Lisboa

Luís Graça, director do serviço de obstetrícia do Hospital de Santa Maria, considera que a tutela deve actuar e eliminar redundâncias, tendo em conta a diminuição do número de partos causada pela recente abertura do Hospital de Loures. 

O médico contesta a forma como o Ministério da Saúde está a conduzir o processo,  que considera própria de um país “pouco maduro, onde nunca há planeamento para nada” e sai em defesa dos colegas da Maternidade Alfredo da Costa (MAC), afirmando que os profissionais de saúde têm sido tratados de “forma pouco respeitosa”.

Pela MAC, a coordenadora da urgência diz que os médicos estão dispostos a adaptar-se à nova realidade e a um menor número de partos. Clara Soares defende, no entanto, que a solução ideal é a mudança para o novo Hospital Oriental de Lisboa, por considerar que é impossível “clonar” as equipas e distribuí-las por instalações já existentes.

O Governo ainda não decidiu se avança ou não com a construção de um novo hospital e, para Fernando Cirurgião, director do serviço de obstetrícia do Hospital S. Francisco Xavier, é preciso agir e acabar com o impasse, desde logo porque a capacidade instalada é superior às necessidades da população, porque é preciso eliminar desperdícios, mas também - questão mais imediata - porque não há médicos suficientes para assegurar as urgências.

Doze dos 22 médicos do serviço de obstetrícia do Hospital S. Francisco Xavier são contratados através de empresas de trabalho temporário. Fernando Cirurgião defende que o caminho é a concentração e diz não compreender o motivo para a tutela estar a arrastar uma decisão que já está tomada.

Tanto o S. Francisco Xavier como o Hospital de Santa Maria alegam ter capacidade para realizar os partos actualmente feitos na Maternidade Alfredo da Costa. E todos concordam que, do ponto da vista da segurança clínica da mãe e do bebé, é aconselhável as maternidades estarem integradas em hospitais gerais, o que não acontece com a MAC.