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Investigação

Português descobre que células “criadas” no coração podem curar

17 out, 2011

João Ferreira-Martins descobriu um mecanismo que permite manipular as células, tornando-as num instrumento para o tratamento de doenças como a insuficiência cardíaca e malformações no coração.  

O investigador João Ferreira-Martins, da Faculdade de Medicina do Porto, descobriu que as células estaminais, que se encontram no coração podem servir para prevenir malformações deste órgão durante o crescimento e tratar pacientes com insuficiência cardíaca.

O trabalho, a que a Lusa teve hoje acesso, explorou duas questões: qual a origem embrionária das células estaminais cardíacas e que mecanismos regulam a sua activação durante o desenvolvimento embrionário.

Os resultados da investigação demonstraram que "estas células são 'criadas' dentro do coração e possuem as propriedades fundamentais das células estaminais, que as tornam tão promissoras, como a capacidade de se auto-renovarem e de se 'transformarem' em diferentes tipos de tecido cardíaco".

Mas mais do que perceber de onde vêm estas células e que propriedades têm, João Ferreira-Martins descobriu um mecanismo que permite manipulá-las, tornando-as num instrumento para o tratamento de doenças como a insuficiência cardíaca e malformações no coração.

"Descobrimos que a cinética do cálcio tem a capacidade de promover a proliferação e diferenciação dessas células. Por isso, podemos retirar células estaminais cardíacas de um doente adulto e manipulá-las em laboratório, imediatamente antes de voltar a injectá-las no doente", explicou o cientista.

O objectivo é que essas células reparem o tecido cardíaco danificado, processo que "será mais eficaz se estas forem previamente estimuladas a proliferar e a diferenciar".

O trabalho de João Ferreira-Martins já lhe valeu a atribuição de um prémio por parte da Sociedade Americana de Insuficiência Cardíaca.