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Número de abortos legais cai para valor mais baixo desde a despenalização

16 jun, 2015 • Pedro Rios

Em sete anos, houve quase 130 mil IVG. O número subiu até 2011, começando a descer em 2012. 303 das mulheres que abortaram em 2014 já o tinham feito no mesmo ano.

Em 2014, as mulheres portuguesas fizeram 16.589 interrupções da gravidez (IVG) até às dez semanas, indica o relatório anual sobre aborto, divulgado esta segunda-feira pela Direcção-Geral da Saúde (DGS). É o valor mais baixo registado desde a despenalização do aborto até às dez semanas de gravidez, em 2007.

Em sete anos, no total, há registo de 129.099 interrupções de gravidez por opção da mulher ao abrigo da lei. O número subiu entre 2008 (primeiro ano de que há dados completos) e 2011 (um pico de 19.921 IVG), começando a descer em 2012.

Em 2014, 16.039 dos abortos (97%) foram feitos por opção da mulher – uma diminuição de 9,5%.

O grupo etário 20-34 anos é aquele em que mais IVG se realizaram (22,9% do total). "A interrupção da gravidez em mulheres com menos de 20 anos mantém uma tendência decrescente", 11,1% (10,8% em 2013), assinala a DGS.

As desempregadas são a categoria predominante entre as mulheres que fazem aborto, com 21,6% no total dos registos.

Seguindo a tendência de anos anteriores, "51,2% das mulheres que efectuaram uma interrupção da gravidez nas primeiras dez semanas de gestação, por opção, referiram ter um a dois filhos e 41,1% não tinham filhos".

303 já tinham abortado em 2014
Entre as mulheres que abortaram em 2014, 71,1% nunca tinham feito uma IVG, 21,9% tinham realizado uma, 5,1% tinham abortado duas vezes e 1,9% três.

Segundo os dados, 303 mulheres (1,9%) que abortaram em 2014 já tinham realizado uma interrupção da gravidez nesse ano.
O número é idêntico ao relatório de 2013 (323 mulheres, 1,8%).

"O número de mulheres que realizam várias interrupções da gravidez tem-se mantido estável. Também o número de mulheres que realizaram uma interrupção da gravidez no mesmo ano civil se tem mantido estável", diz a DGS.

O número de abortos por 1.000 nados-vivos foi de 201 em 2014 – uma diminuição face a 2013, ano em que por cada mil nascimentos houve 221 interrupções da gravidez.

Até ao final da legislatura deve ser apresentada e votada no Parlamento a iniciativa legislativa "Pelo direito a nascer". O movimento de cidadãos propõe várias modificações à lei, que passam, por exemplo, por "pôr termo à actual equiparação entre IVG e maternidade para efeitos de prestações sociais", obrigar as grávidas a assinar as ecografias feitas para determinação do tempo de gestação e a aplicação de taxas moderadoras neste acto.