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Oncologistas dizem que Portugal não está preparado para aumento de cancros

24 abr, 2015

Foram inquiridos 600 especialistas. A carência de profissionais nos cuidados de saúde primários/hospitalares e a inexistência de um programa de rastreios são os aspectos que mais dificultam a luta contra o cancro.

A maioria dos 600 especialistas inquiridos sobre as preocupações destes profissionais considera que a qualidade do tratamento contra o cancro varia consoante o hospital onde é administrado e que Portugal não está preparado para o aumento desta doença.

O inquérito sobre percepções e preocupações de profissionais ligados à oncologia foi desenvolvido pela Sociedade Portuguesa de Oncologia (SPO) e será apresentado, esta sexta-feira, durante os Encontros da Primavera de Oncologia, que se realizam em Évora.

De acordo com os resultados, 83% dos inquiridos discordam da afirmação de que, "em Portugal, é dado aos doentes que vivem com cancro o melhor tratamento médico independentemente do hospital em que são tratados".

A maioria dos médicos considera que "em Portugal existem demasiadas assimetrias regionais no que diz respeito à prevenção e tratamento do cancro" e acham que Portugal não está preparado para lidar com o crescimento da incidência do cancro.

Segundo o estudo, 55% concordam que em Portugal existem os mesmos tratamentos para o cancro que estão disponíveis em outros países da União Europeia. No entanto, 64% consideram que os doentes oncológicos não estão a receber tratamento de acordo com as recomendações internacionais.

No que diz respeito às inquietações dos oncologistas, 53% dos inquiridos identificaram o acesso à melhor terapêutica, como a sua primeira preocupação enquanto profissionais de saúde.

Questionados sobre o que mais dificulta a luta contra o cancro, 74% elegeram, entre outros aspectos, a carência de profissionais nos cuidados de saúde primários/hospitalares e 68% escolheram a inexistência de um programa de rastreios organizados de âmbito nacional.

A falta de conhecimento da população no que diz respeito aos problemas oncológicos foi opção de 62% dos inquiridos, enquanto 54% referiu a falta de campanhas de sensibilização da população regulares e sustentadas.

Sobre as maiores necessidades na área da formação de oncologistas em Portugal, foi identificada "a promoção do acesso a perspectivas multidisciplinares por patologia e a criação de sinergias entre cuidados de saúde diferenciados" e "a definição de requisitos de competência para a prestação das diferentes modalidades de cuidados oncológicos".