Os movimentos pró-vida em Espanha não se conformam com a decisão do Governo de abandonar a reforma da lei do aborto, que visava tornar a prática mais restrita.
Dias depois de centenas de milhares de espanhóis se terem concentrado, em Madrid, na Marcha Pela Vida, uma acção anual, o Executivo de Mariano Rajoy fez saber que a lei, afinal, não seria aprovada, apesar de ter maioria absoluta no parlamento. A decisão levou à imediata demissão do ministro da Justiça.
Nesse mesmo dia, milhares de pessoas manifestaram-se à porta das sedes do Partido Popular, um pouco por todo o país.
O partido publicou, entretanto, um artigo no seu "site", em que justifica a decisão, mas os argumentos não convencem os activistas pró-vida, que acusam Rajoy de traição às suas próprias promessas eleitorais.
Diz o comunicado do PP que o partido “fez um grande esforço para encontrar fórmulas de consenso”, mas que “não foram suficientes, pelo que neste momento não estão reunidas as condições para seguir em frente”.
No site “
Hazte Oir” (Faz-te Ouvir) responde, perguntando: “Não são ‘consenso suficiente’ os onze milhões de votos que receberam nas urnas, tendo este compromisso no seu programa? O próprio PP duvida da legitimidade e capacidade do Executivo? Não viram as centenas de milhares de cidadãos que se voltaram a manifestar no domingo na V Marcha Pela Vida?”.
O texto diz ainda: “O mandato dos cidadãos não é para o consenso, mas para legislar pela vida. Para isso obtiveram o ‘consenso’ de uma maioria absoluta de espanhóis, aí obtiveram o poder e a legitimidade para cumprir com o prometido”.
No documento publicado no site do PP, lê-se ainda que o Governo quis evitar “uma lei que outro Governo mude de um momento para o outro”.
Esta afirmação leva Gádor Joya, a porta-voz do movimento espanhol “Direito a Viver”, a concluir que "o presidente do Governo demonstra que não tem capacidade para impulsionar uma mudança social".
"Não é de confiança, porque se reconhece incapaz de aprovar leis que tenham permanência”, lê-se, em citação reproduzida no "site" do “Hazte Oir”.