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Como vai a saúde dos bombeiros portugueses?

28 jul, 2014 • Olímpia Mairos

Estudo inédito avalia impacto dos incêndios na saúde dos bombeiros durante o combate aos fogos. Mais de 150 bombeiros do distrito de Bragança vão transportar equipamento para medir a qualidade do ar que estão a respirar.

Um grupo de docentes da Escola Superior de Saúde de Bragança está a estudar o impacto dos fogos florestais na qualidade de vida e na saúde dos bombeiros das 15 corporações do distrito de Bragança.
 
O trabalho, que conta com a parceria do Instituto Nacional Ricardo Jorge, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e do Instituto Superior de Engenharia do Porto, divide-se em três fases e consiste em questionários, análises clínicas, avaliação da capacidade respiratória e outras condições físicas antes, durante e depois da época crítica de incêndios florestais.

“Atendendo a que eles [bombeiros] estão expostos a muitos factores de risco, pretendemos avaliar a qualidade de vida e capacidade para o trabalho e pretendemos perceber como é que estes tóxicos, que são inalados por eles, podem dificultar e prejudicar a sua saúde”, refere a coordenadora do projecto, Adília Fernandes.

Durante o combate aos fogos, alguns bombeiros vão transportar equipamento para medir a qualidade e conhecer os componentes do ar que estão a respirar.

Para a coordenadora do projecto, as condições em que os operacionais trabalham "podem influenciar o desempenho. A "inalação do fumo pode provocar hipoxia, que vai perturbar a capacidade de decisão".

Bombeiros aplaudem
Além de identificar os factores de risco, o projecto pode contribuir para a melhoria dos equipamentos de protecção.

Os bombeiros aplaudem esta iniciativa e esperam que possa “contribuir para a melhoria da qualidade de vida” dos elementos de combate aos fogos.

Leonel Pires, bombeiro há 24 anos, refere que o combate ao fogo “deixa sempre marcas”. E “não há apoios”. Espera que o estudo possa contribuir para “facilitar a vida” aos voluntários no que concerne a “apoios a nível psicológico e ao nível de saúde”.

Para Paulo Ferro, bombeiro há dez anos, o mais importante “é prevenir os problemas respiratórios”. Por isso, o estudo pode dar “indicações importantes em termos do material mais adequado à devida protecção”.

Actualmente, os bombeiros no combate aos incêndios florestais dispõem apenas da cógula (máscara de pano) que filtra alguns constituintes e de máscaras específicas que “são muito caras”, e que, segundo Paulo Ferro, “falham por impedir a entrada suficiente de oxigénio”.

Os primeiros resultados do estudo devem ser apresentados no final do ano, mas é intenção dos promotores estender a iniciativa por cinco anos, para aferir dos problemas a curto prazo, como os respiratórios ou cutâneos, mas também os problemas que podem surgir a longo prazo.